Como as Fake News têm gerado dinheiro para usuários em redes sociais? | Detetive TC

Um dos grandes problemas das redes sociais na atualidade é a disseminação de Fake News, algo que já tem sido considerado um assunto de cibersegurança por empresas especializadas desde os últimos anos.

No entanto, é possível conferir que, além de o número de desinformação seguir alto, muitas pessoas passaram a lucrar diretamente com a disseminação de publicações mentirosas. Por outro lado, a crença em notícias falsas acaba por gerar resultados nocivos para as vítimas.

Como os usuários de redes sociais têm lucrado com esse tipo de conteúdo? Quais são os mecanismos que as plataformas possuem para combater esse tipo de publicação? O Detetive TudoCelular aborda os detalhes agora.

Monetizao nas redes sociais



Não é de hoje que Fake News têm circulado nas redes sociais sem qualquer freio. Porém, com as iniciativas de redes sociais e plataformas online de monetizar o conteúdo de criadores, essa prática passou a se tornar mais lucrativa.

Alguns casos recentes chamaram a atenção do público. Um deles foi revelado pela BBC nesta semana, na qual posts com desinformação eleitoral passaram a circular pelo X (Twitter) de forma monetizada nos Estados Unidos, de apoiadores de Donald Trump e Kamala Harris.

Isso aconteceu porque a rede social de Elon Musk monetiza publicações a contas verificadas com um amplo alcance, conforme haja um engajamento de outros usuários pagos, seja com curtidas, comentários ou compartilhamentos.

Na prática, os mesmos conteúdos inverídicos passaram a ser compartilhados por dezenas de contas premium várias vezes ao dia dentro da própria plataforma, ou ainda em fóruns e grupos em mensageiros separados, com o foco em ampliar o alcance e a arrecadação.

Outro caso, este no Brasil, consistiu nos dois médicos investigados por disseminarem mentiras sobre o câncer de mama. Os vídeos foram espalhados por aplicativos de mensagens e em redes sociais, como o Instagram – de onde foi retirado posteriormente. Neste caso, a Fake News serve como um método para alavancar um perfil e o fazer se tornar lucrativo posteriormente, por parcerias ou outras fontes indiretas.

Como falamos, essa é uma preocupação não tão recente assim. Nos anos críticos de pandemia do coronavírus, antes de normas mais rígidas para frear Fake News, muitos criadores de conteúdo se aproveitaram de seus canais grandes no YouTube para propagar remédios ineficazes contra a Covid-19 ou ainda divulgar discursos negacionistas.

Para além das redes sociais, de acordo com o site alemão DW, as Fake News custam para a economia global um valor estimado em 63 bilhões de euros por ano. Sem falar nos sites que contêm notícias falsas terem lucrado 62 milhões de euros somente com anúncios.

O que dizem as regras das plataformas?



Ao longo dos anos, as redes sociais e plataformas de vídeo precisaram dar uma atenção maior para o combate à desinformação e adicionaram normas sobre o assunto em suas políticas de privacidade.

Apesar de nem sempre funcionarem de maneira imediata, elas existem para estabelecer parâmetros para que esses conteúdos perigosos não sejam divulgados sem qualquer regra. A coluna investigou e separou os principais exemplos para você.


TikTok remove milhes de contas e vdeos por desinformao sobre guerra Israel-Hamas


Economia e mercado
06 Nov


X (Twitter)  investigado na Unio Europeia por no combater desinformao sobre o Hamas


Segurana
26 Out

Meta (Instagram, Facebook e Threads)

O Facebook é uma das redes sociais que permitem a monetização do conteúdo dos criadores. Entretanto, entre as categorias proibidas, estão classificadas a desinformação e informação médica enganosa.

A diferença entre elas está na identificação. A primeira demanda um verificador de fatos terceirizado, enquanto a segunda exige reivindicações médicas contestadas por organização especializada e ainda exemplifica as declarações antivacinas como um dos casos.

Nas redes da Meta em geral, como Instagram, Facebook e Threads, o Centro de Transparência determina a remoção do boato em situações específicas, tais quais quando há possibilidade de lesão corporal iminente e quando gera interferência em processos políticos. No entanto, não se compromete em questões que possam ser classificadas como “opinião”.

“Removemos a desinformação quando há a possibilidade de ela contribuir diretamente para o risco de lesão corporal iminente. Também removemos conteúdo que possa contribuir diretamente na interferência do funcionamento de processos políticos. Para determinar o que constitui desinformação nessas categorias, firmamos parcerias com especialistas independentes que têm o conhecimento e a experiência para avaliar a veracidade de um conteúdo e se é provável que ele contribua diretamente para o risco de dano iminente. Isso inclui, por exemplo, firmar parcerias com organizações de direitos humanos com presença física em um país para determinar a veracidade de um boato sobre conflito civil.

Para todas as outras desinformações, nós nos concentramos em reduzir a prevalência ou criar um ambiente que promova diálogos produtivos. Nós sabemos que as pessoas geralmente usam a desinformação de formas inofensivas, como para exagerar uma opinião (“Esse time tem o pior histórico do mundo esportivo!”) ou em humor ou sátira (“Meu marido acabou de ganhar o prêmio Maridão do ano”). Elas também podem compartilhar experiências por meio de histórias que sejam imprecisas. Em alguns casos, as pessoas compartilham opiniões profundas que outras consideram falsas ou compartilham informações que acreditam serem verdadeiras, mas que outras pessoas consideram incompletas ou enganosas.”

Meta

YouTube

Para ser monetizado no YouTube, é necessário seguir as diretrizes de comunidade. E nelas, há um tópico apenas para tratar de desinformação. A regra afirma não permitir “conteúdo enganoso que apresente sérios riscos de danos”.

O serviço cita as políticas criadas sobre a Covid-19 baseadas em consenso de especialistas e autoridades locais, para explicar que as regras atuais utilizam uma combinação de analistas e aprendizado de máquina para remover o conteúdo.

“Conforme descrito nas diretrizes da comunidade, o YouTube não permite conteúdo enganoso que apresente sérios riscos de danos. Quando o assunto é desinformação, precisamos basear nossas políticas em um conjunto de fatos bem-definidos. Por exemplo, para criar políticas contra desinformação médica sobre a COVID-19, usamos o consenso de especialistas de organizações internacionais e autoridades locais de saúde.

Nossas políticas são criadas com a ajuda de uma grande variedade de especialistas externos e criadores de conteúdo do YouTube. Aplicamos nossas políticas consistentemente usando uma combinação de analistas e aprendizado de máquina para remover conteúdo inapropriado o mais rápido possível.”

YouTube

As políticas aplicadas pelo Google ainda indicam que, quando se constata uma violação, o conteúdo é removido e o criador recebe uma notificação por e-mail. Após três avisos em um intervalo de 90 dias, ou com infrações recorrentes, ou por um caso único de abuso grave, o canal será encerrado.

TikTok

As regras sobre desinformação do TikTok classificam como informações falsas prejudiciais aquelas em assuntos como saúde, eleições e mudança climática. A remoção e a inelegibilidade para o feed Para você se aplicam tanto à Fake News prejudicial quanto à intencional, segundo a política da empresa.

A plataforma declara trabalhar com parceiros de checagem de fatos independentes para a verificação. A lista inclui: Agence France-Presse (AFP), Animal Político, Australian Associated Press (AAP), Code for Africa, dpa Deutsche Presse-Agentur, Demagog, Estadão Verifica, Facta, Faktograf, Fatabayyano, Lead Stories, Logically Facts, Newschecker, Newtral, Poligrafo, PolitiFact, Reuters, Science Feedback, e Teyit.

“Quando agimos sobre o seu conteúdo, informamos a você por meio de uma notificação na caixa de entrada ou na página ‘Status da Conta’ no Centro de Segurança do seu aplicativo. Você também pode enviar um recurso se considerar que a decisão da moderação foi equivocada. Quando você denuncia uma desinformação prejudicial, pode acompanhar os resultados da denúncia na página ‘Registro de denúncias’ no Centro de Segurança.”

TikTok

Além disso, mais especificamente no Programa de Recompensas do Criador, fica estabelecido que os vídeos não devem incluir desinformação ou informações enganosas. Caso haja alguma violação das diretrizes, o conteúdo poderá ser removido.

X (Twitter)

O X (Twitter) é o único caso à parte dentre as principais plataformas. Isso porque, em seus Padrões de Monetização do Criador, não há qualquer menção à desinformação como um requisito de remoção, banimento ou impedimento para que um conteúdo seja monetizado.

O único item que chega mais perto é o que cita “acusações falsas, enganosas ou não embasadas”. Mas a explicação dela envolve “alegações irreais sobre um produto ou serviço”, “curas milagrosas” ou “esquemas de pirâmide”. Questões importantes, mas que não abrangem as Fake News de maneira mais ampla.

Apesar de não impedir a monetização, vale destacar que o X (Twitter) possui uma política de desinformação que prevê a limitação da amplificação do conteúdo, rotulação do post ou até a remoção dele, caso seja constatada a inveracidade do que foi publicado.

Como denunciar?



Se você se deparar com algum conteúdo, seja ele monetizado ou não, que contornou de alguma forma as regras das plataformas e contenha uma desinformação, saiba que é possível denunciá-lo.

Nas redes da Meta, você pode clicar no menu dos três pontinhos e ir até a opção de “Reportar post” ou “Denunciar”, para informar a violação à plataforma e seu respectivo motivo.

Um processo similar é feito nos vídeos publicados no YouTube, ao tocar no botão de configurações e ir em “Denunciar”. Já no TikTok, o caminho consiste em pressionar o vídeo, selecionar “Relatar” e apertar a opção “Informações enganosas”, para depois especificar o assunto ao qual o conteúdo está relacionado e enviar.

O X (Twitter) também possui uma ferramenta chamada “Denunciar post”. Só que, dentre as alternativas para a justificativa, não há um item sobre desinformação ou Fake News.

Você já encontrou algum conteúdo com desinformação impulsionado nas redes sociais? Relate para a gente no espaço abaixo.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

- Advertisement -spot_img

ÚLTIMAS NOTÍCIAS