Algumas vacinas necessitam, além das doses para o esquema primário, da administração de doses de reforço de forma periódica. Essa necessidade pode ser decorrente da queda de imunidade com o passar do tempo ou por alterações no agente etiológico – geralmente por mutações naturais – que impedem seu reconhecimento pelo sistema imune.
Confira as principais vacinas com reforço
dT: o reforço com a dT está recomendado a cada 10 anos após a finalização do esquema primário com 3 doses para todos os indivíduos. Em casos de acidentes considerados de alto risco para tétano em pessoas com esquema primário completo, se a última dose tiver sido há mais de 5 anos, recomenda-se antecipação da administração da dose de reforço.
dTpa: o PNI recomenda administração da dose de reforço com dTpa para profissionais de saúde, parteiras tradicionais e estagiários da saúde, seguindo o mesmo intervalo de 10 anos que a dT. Além disso, gestantes devem receber uma dose de dTpa a cada gestação, entre a 20ª semana de gestação e 45 dias após o parto. A SBIm recomenda também o reforço com dTpa em idosos, com reforço com 5 anos para os que são contactantes de lactentes.
Influenza: devido ao elevado índice de mutações, a vacinação contra Influenza deve ser atualizada anualmente, de acordo com as cepas consideradas mais prováveis de serem as principais em circulação a cada sazonalidade. A vacina tetravalente, que contém 2 cepas de Influenza A e 2 cepas de Influenza B, está disponível somente na rede privada, estando aprovada a partir de 6 meses.
A rede pública, por sua vez, disponibiliza a vacina trivalente, que contém 2 cepas de Influenza A e 1 cepa de Influenza B, para grupos prioritários determinados pelo Ministério da Saúde. Para o ano de 2024, esses grupos são:
– Crianças entre 6 meses e 5 anos, 11 meses e 29 dias.
– Trabalhadores da saúde.
– Gestantes e puérperas.
– Idosos a partir de 60 anos de idade.
– Professores do ensino básico e superior.
– Povos indígenas.
– Pessoas em situação de rua.
– Profissionais das Forças de Segurança e Salvamento e das Forças Armadas.
– Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, independente da idade, e pessoas com deficiência permanente.
– Caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário para passageiros urbanos e de longo curso.
– Trabalhadores portuários.
– População privada de liberdade, adolescentes de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas e funcionários do sistema de privação de liberdade.
Covid-19: também devido a mutações e desenvolvimento de novas variantes, as vacinas contra Covid-19 podem necessitar de doses periódicas de reforço. A periodicidade e os grupos considerados prioritários são definidos de acordo com a situação epidemiológica.
– Reforço semestral, após intervalo mínimo de 6 meses do recebimento da última dose: pessoas imunocomprometidas a partir de 5 anos de idade, gestantes, puérperas e pessoas com 60 anos de idade ou mais.
– Reforço anual, após intervalo mínimo de 6 meses do recebimento da última dose: grupos prioritários a partir de 5 anos de idade, a saber, pessoas vivendo em instituições de longa permanência e seus trabalhadores, povos indígenas, populações ribeirinhas e quilombolas, trabalhadores de saúde, pessoas com deficiência permanente, pessoas com comorbidade, pessoas com ≥ 18 anos de idade privadas de liberdade e adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas, funcionários do sistema de privação de liberdade, e pessoas em situação de rua.
Expectativas para o futuro
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza 32 vacinas, compreendendo as presentes no PNI e as disponibilizadas nos CRIE. Algumas outras vacinas, entretanto, podem ser incorporadas nos próximos anos. Dentre elas, destacam-se:
Zalika: vacina contra Covid-19 recombinante monovalente que recebeu aprovação da Anvisa recentemente, podendo ser administrada a partir de 12 anos de idade. O esquema primário consiste em 2 doses, com 21 dias de intervalo. Uma dose de reforço é recomendada 6 meses após a imunização primária em indivíduos a partir de 18 anos. Estudos de fase 3 mostraram eficácia em adultos de 90,4% (estudo conduzido nos Estados Unidos e México) e de 89,7% (estudo conduzido no Reino Unido) para a prevenção da Covid-19. Na população de 12 a 17 anos, a eficácia foi de 79,5%. Dados em relação à eficácia da vacina após atualização de sua composição para a variante XBB15 serão reavaliados para se determinar se a relação risco-benefício permanece favorável.
Butantan-DV: vacina atenuada, tetravalente, contra a dengue que está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan. Os resultados iniciais mostraram eficácia de 79,6% com administração de uma única dose. O estudo de fase 3, que incluiu 16.235 indivíduos entre 2 e 59 anos de idade em diferentes localidades do Brasil, segue em andamento.
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Autor
Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro