Vacina contra a dengue: Qdenga será incorporada ao SUS

O Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira, 21, a incorporação da vacina contra a dengue, conhecida como Qdenga, ao Sistema Único de Saúde (SUS). A imunização começará em 2024, com foco em grupos e regiões prioritárias, que serão definidas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) junto à Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI).

A vacina Qdenga foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em março deste ano, para aplicação em indivíduos entre 4 e 60 anos de idade, em duas doses. Trata-se de uma vacina atenuada, em que os quatro sorotipos estão presentes a partir de modificações na estrutura de uma cepa atenuada de DENV-2.

Apesar de ser aprovada em outros lugares, como na União Europeia, Indonésia e Argentina, a vacina ainda não é utilizada como prevenção universal, sendo indicada, na maioria deles, para viajantes para áreas endêmicas. O Brasil será o primeiro país a disponibilizar o imunizante no sistema público.

Entrega das doses

De acordo com o Ministério, o fornecimento das doses da vacina tem cronograma de início em fevereiro de 2024, com uma quantidade menor (460 mil doses). Até novembro, a previsão é que o fabricante entregue mais de 5 milhões de doses, que serão disponibilizadas para a população de acordo com a prioridade definida pela pasta.

Leia também: Perigo do verão: arboviroses

Vacina Qdenga

A eficácia e a segurança da Qdenga foram avaliadas em um ensaio clínico de fase 3, conduzido em oito países endêmicos para a doença, incluindo o Brasil, com crianças entre 4 e 16 anos. Após três anos de seguimento, a eficácia vacinal cumulativa foi de 62,0% (IC 95% = 56,6 – 66,7) contra dengue virologicamente confirmada e de 83,6% (IC 95% = 76,8 – 88,4) contra hospitalização.

Embora os dados gerais de efetividade contra hospitalização e dengue confirmada tenham variado de acordo com o país, em todos a eficácia da vacina contra hospitalização foi maior do que a contra doença virologicamente confirmada. No geral, a eficácia contra febre hemorrágica do dengue e contra dengue grave foi de 65,4% (IC 95% = 19,0 – 85,2%) e de 70,2% (IC 95% = – 24,7 – 92,9), respectivamente.

Sobre a dengue no Brasil

A dengue é uma arbovirose endêmica no Brasil, causada pelo vírus DENV, e que pode levar a complicações graves. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país teve aumento de cerca de 16% nos casos prováveis da doença em 2023, quando comparado ao mesmo período de 2022 (semanas epidemiológicas de 1 a 35), chegando a um total de 1.530.940. Os estados com maior número de casos foram Espírito Santo, Santa Catarina e Minas Gerais, respectivamente.

A incidência durante um período (semanas epidemiológicas 9 a 22) foi maior que o nível de endemia, indicando uma epidemia de dengue no país. A porcentagem de aumento de casos graves seguiu a de casos prováveis. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022, na região das Américas o Brasil seguiu com o maior número de casos, tendo, junto da Colômbia, a maior incidência de gravidade também.

Com a chegada do verão e, ainda, as ondas de calor causadas pelo fenômeno El Niño, a previsão do Ministério da Saúde é que enfrentemos mais um crescimento de casos de arboviroses. Assim, a pasta anunciou também investimento de R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância e inauguração da Sala Nacional de Arboviroses (SNA), que fará o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika.

Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.

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