Suplementos para dor podem causar prejuízo?

A Food and Drug Administration (FDA), desde agosto de 2013 a setembro de 2023, vem analisando determinados produtos vendidos como suplementos para o controle da dor, principalmente em casos de artrite, que possuem em sua composição medicações como anti-inflamatórios não esteroidais e corticoides, assim como anti-histamícos e relaxantes musculares, não sendo discriminados em sua composição do rótulo. 

As substâncias mais encontradas durante análise laboratorial foram diclofenaco, piroxican, dexametasona e anti-histamínicos como ciproeptadina e maleato de clorfeniramina. 

Esses suplementos em questão não precisam de prescrição médica para serem comercializados e podem ser encontrados em qualquer farmácia ou loja de produtos naturais e adquiridos sem controle, o que causa mais preocupação, pois essas substâncias podem interagir com outras medicações, outros suplementos e vitaminas e causar complicações clínicas significativas.

Pílulas da substância cuja produção foi proibida pela FDA e Anvisa devido aos efeitos colaterais.

Posicionamento da FDA

Devido a isso, a FDA veio à público, notificar os consumidores que certos produtos vendidos para o controle da dor e tratamento da artrite, possuem substâncias escondidas que podem ocasionar risco significativo a saúde de cada paciente. O órgão liberou uma lista de aproximadamente 20 produtos, que foram testados e apresentaram outras drogas em quantidades farmacologicamente terapêuticas que não estavam discriminadas em seus rótulos. Essas substâncias podem causar efeitos indesejáveis se consumidas junto com outras medicações, e os consumidores devem ter cautela no momento da compra de tais produtos. 

Além disso, a FDA encoraja os consumidores a relatarem e denunciarem aos órgãos competentes, qualquer produto que supostamente possa estar sendo manipulado de forma irregular no mercado. 

Anti-inflamatórios consumidos de forma sem controle e por um período longo e constante pode desencadear graves problemas renais como insuficiência renal, além de promover eventos cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e acidentes vasculares cerebral. Além de também causar distúrbios gastrointestinais que podem evoluir de uma gastrite leve até casos de úlceras com sangramento ativo. 

Os corticoides por sua vez, também consumidos de forma desenfreada podem dificultar o tratamento de infecções bacterianas, causar hipertensão, alterações do humor e até mesmo causar supressão da glândula suprarrenal. 

Os anti-histamínicos podem diminuir a capacidade cognitiva e promover sonolência e vertigem. 

Segundo a lista divulgada pelo FDA alguns produtos têm como base gingsen e muitos chás e ervas provenientes do oriente. 

A maioria desses produtos não são usualmente vendidos em território brasileiro, porém vale ressaltar que muitos brasileiros tem o costume de comprar em viagens internacionais ou até mesmo encomendar medicações e suplementos vindos do exterior para seu consumo próprio sem orientação médica, portanto, cabe alertar a população que muitos produtos vendidos como suplementos ou naturais e supostamente isentos de efeitos colaterais podem estar disfarçados com substâncias químicas farmacologicamente ativas e que podem levar a complicações médicas.

Saiba mais: Multimorbidade na psoríase e o risco de progressão para artrite psoriásica

Importante saber sempre a origem do produto, se este está liberado pelos órgãos competentes locais para consumo e sempre dar preferência a laboratórios, marcas e lojas de origem conhecida e renomada. 

Vale ressaltar ainda, a importância de durante a consulta médica, principalmente de profissionais do tratamento da dor, ou até mesmo pré-anestésica, o cuidado de arguir sobre possíveis suplementos ou substâncias naturais que o paciente costuma fazer uso rotineiramente e que muitas vezes são passadas despercebidas, podendo interagir tanto com algumas medicações ou mesmo drogas anestésicas.

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Autor

Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.

Referências bibliográficas:
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Tainted Arthritis and Pain Products. US Food and Drug Administration.Fev 2024. 

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