O sulfato de magnésio é uma droga amplamente utilizada na clínica obstétrica para tratamento de casos de doença hipertensiva da gestação a fim de se evitar complicações como eclâmpsia.
Como é uma medicação com grande potencial analgésico e sedativo, também vem sendo administrada na prática anestésica em procedimentos com sedação venosa ou como adjuvante da anestesia geral, principalmente nos casos em que o profissional anestesista necessita de uma estabilidade cardiovascular com proteção cardíaca e cerebral, podendo ser utilizada tanto na população adulta, como na população pediátrica.
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Essa droga proporciona também uma grande proteção cardiovascular e cerebral, pois tem participação ativa em várias reações intracelulares, por ser o segundo maior cátion intracelular, promovendo a regulação do sistema adenilato ciclase e da excitabilidade cardíaca, por comandar o fluxo de íons transmembrana, comandar a ligação de cálcio aos seus canais, uma vez que é o antagonista natural desse íon, e promover a liberação de neurotransmissores, e consequentemente sendo responsável por vários mecanismos da regulação celular.
A ação anticonvulsivante dessa medicação é explicada pelo seu antagonismo aos receptores NMDA do glutamato, proporcionando também ação analgésica e sedativa, tornando-a uma excelente opção na anestesia. Além disso, atua inibindo a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, aumentando o efeito dos relaxantes musculares normalmente utilizados.
No escopo anestésico, utilizando o sulfato de magnésio junto a outras drogas anestésicas, como hipnóticos e relaxantes musculares, ele vai promover uma anestesia multimodal, onde se pode somar as ações benéficas de cada droga com doses mais equilibradas, levando assim, ao uso de doses menores das medicações indicadas.
O sulfato de magnésio pode ser utilizado tanto em técnica de sedação venosa, permitindo o uso de doses menores de benzodiazepínicos ou hipnóticos e também junto às drogas para realização de anestesia geral, melhorando a qualidade da anestesia. Nos bloqueios regionais com sedação venosa, também pode ser utilizado com parcimônia, avaliando sempre de perto a parte hemodinâmica do paciente para que não haja hipotensões mais severas. Tem uma ação benéfica na melhora da qualidade dos bloqueios.
Essa droga pode ser utilizada em praticamente todos os procedimentos anestésicos cirúrgicos, tendo apenas contraindicações em casos de hipermagnesemia, cardiopatia grave ou pacientes muito críticos.
Em relação à dose usual para procedimentos anestésicos em pacientes adultos, uma dose única, 20 minutos antes do início do procedimento de aproximadamente 2g em bolus, diluído, de forma endovenosa é o suficiente, não sendo necessário seu uso de forma constante ou intermitente durante o procedimento.
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Os relatos de complicação pela administração de sulfato de magnésio demonstram uma baixa incidência, sendo considerada uma droga bastante segura para uso de forma rotineira, e estão resumidos em sedação residual com tempo de despertar mais prolongado e diminuição dos reflexos, hipermagnesemia e alguns casos raros de depressão respiratória.
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Autor
Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.
- Celenlioglu AE, Sir E, Ors-Yildirim N, Yildirim AK, Ince ME, Doganci S. Effect of perioperative intravenous magnesium sulfate on postoperative pain after iliac venous stenting. J Vasc Surg Venous Lymphat Disord. 2023 May;11(3):517-524.
