Solidão é questão de saúde pública, aponta Comissão de Conexão Social da OMS

A Organização Mundial da Saúde anunciou a criação da “Comissão de Conexão Social”, que visa atuar no combate à epidemia global de solidão. Para isso, os membros da comissão irão analisar os dados científicos mais recentes e conceber estratégias para ajudar as pessoas a aprofundarem as suas relações interpessoais, pelos próximos três anos.

“Temos a obrigação de investir na reconstrução do tecido social da mesma forma que temos feito para enfrentar outros problemas de saúde globais, como o consumo de tabaco, obesidade e a crise do vício”, afirmou Vivek Murthy, vice-presidente da comissão e cirurgião geral dos Estados Unidos, no anúncio da criação do grupo, no dia 15 de novembro.

Segundo estimativa da organização, cerca de 25% dos idosos hoje vive em estado de isolamento, e entre 5% e 15% dos adolescentes sofre com a falta de vínculos sociais — números que impulsionaram as autoridades a instituir o problema como uma questão de saúde pública.

Leia também: Uso de quetamina/ketamina para pacientes com depressão é controverso?

“Por muito tempo, a solidão existiu por trás das sombras, invisível e subestimada, causando doenças físicas e mentais. Agora, temos a oportunidade de mudar isso”, completou Murthy. A pesquisa que embasa o programa evidencia a relação entre a falta de certos tipos de ligação social e o aumento da ocorrência de ansiedade, depressão e suicídio.

A solidão tem chamado muita atenção em diversas partes do mundo. Na semana passada, o estado de Nova York ganhou sua primeira embaixadora da solidão, a terapeuta sexual Ruth Westheimer. A iniciativa não é novidade: o Reino Unido já possui, desde 2018, um ministro para este mesmo tema.

Solidão é questão de saúde pública, aponta Comissão de Conexão Social da OMS

Impacto da solidão

“Aproximadamente um bilhão de pessoas — um em cada oito — vivem com problemas de saúde mental, um quarto delas são adolescentes”, disse ele. Segundo estudos de longa data, a solidão e o isolamento social estão associados a disfunções imunológicas e a eventos cardiovasculares, como hipertensão e AVC, além de contribuírem para o declínio cognitivo e um aumento de até 50% no risco de demência.

Pessoas isoladas também tendem a ter mais hábitos não saudáveis, como fumar ou beber em excesso, além de ser mais sedentárias. Em suma, o impacto da solidão na saúde é tão abrangente que um estudo a comparou ao hábito de fumar até 15 cigarros por dia.

Uma pesquisa realizada em 142 países e publicada no mês passado revelou que quase 1 em cada quatro adultos se sente muito solitário. Entre crianças e adolescentes, o índice pode chegar a 50%.

Saiba mais: Rastreio de depressão e suicídio em adultos: recomendações da USPSTF

Além conscientizar as pessoas a como ajudar a si próprias, os seus vizinhos e as suas comunidades a sentirem-se menos isoladas, o comitê pretende ajudar a comunidade em geral a resolver este importante problema de saúde pública.

“Então, como podemos ajudar os setores público e privado em todo o mundo a saber o que podem fazer para realizar essas intervenções e entender como podemos avançar para melhorar a saúde das pessoas em todo o mundo?”, disse Karen DeSalvo, médica, diretora de saúde do Google e membro do comitê da OMS.

Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.

Selecione o motivo:

Errado

Incompleto

Desatualizado

Confuso

Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Autor

Roberta Santiago é jornalista desde 2010 e estudante de Nutrição. Com mais de uma década de experiência na área digital, é especialista em gestão de conteúdo e contribui para o Portal trazendo novidades da área da Saúde.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

- Advertisement -spot_img

ÚLTIMAS NOTÍCIAS