Risco de rotura uterina em multíparas após indução do parto com prostaglandina

Um artigo publicado recentemente no International Journal of Gynecology and Obstetrics teve como objetivo avaliar se o uso de qualquer prostaglandina entre mulheres multíparas (paridade ≥ 2), sem ou com cesárea prévia, apresenta risco aumentado de resultado materno negativo, ou seja, rotura uterina, em comparação com mulheres nulíparas ou uníparas.

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Risco de rotura uterina em multíparas após indução do parto com prostaglandina

Metodologia

Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo de base populacional incluindo mulheres que foram submetidas à indução com prostaglandina (E1 e E2, não podendo distinguir entre elas) em todas as maternidades na Suécia entre maio de 1996 e dezembro de 2019 (n= 56.784). A coorte do estudo foi obtida utilizando dados do Registro Médico de Nascimento Sueco, que contém informações de registros de maternidade e parto. O principal desfecho foi a rotura uterina.

Resultados

No total, 56.784 mulheres foram induzidas com prostaglandina entre 1996 e 2019. Entre elas, 31.761 mulheres eram nulíparas, 14.378 eram uníparas com um parto anterior e 10.645 eram multíparas (≥ 2). A rotura uterina foi identificada em 88 mulheres, sendo 10 (0,03%) entre as nulíparas, 57 (0,40%) entre as uníparas e 21 (0,20%) entre as multíparas.

No geral, mulheres multíparas induzidas com prostaglandina tiveram um risco aumentado de rotura uterina em comparação com mulheres nulíparas (odds ratio [OR] ajustado: 3,33 [intervalo de confiança (IC) de 95%, 1,38–8,04]; P < 0,007). Mulheres multíparas sem cesariana anterior induzida com prostaglandina tiveram risco mais de três vezes de rotura uterina (OR bruto: 3,55 [IC 95%, 1,48-8,53]; P = 0,005) em comparação com mulheres nulíparas e quatro vezes maior risco em comparação com mulheres uníparas (OR: 4,10 [IC 95%, 1,12–15,00]; P < 0,033). Mulheres multíparas com cesárea anterior tiveram um risco diminuído de rotura uterina em comparação com mulheres uníparas com uma SC anterior (OR bruto, 0,41 [95% Cl, 0,21–0,78]; P = 0,007).

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O risco de rotura uterina foi diminuído em mulheres multíparas induzidas com prostaglandina e que tentaram o parto vaginal após cesariana anterior (uma cesariana anterior) em comparação com mulheres uníparas que tentaram o primeiro parto vaginal após uma cesariana anterior. Entretanto, a prostaglandina não é recomendada como método de indução na tentativa de parto vaginal após cesárea previa.

Conclusões

A multiparidade por si só é um fator de risco para rotura uterina quando induzida com prostaglandina em mulheres sem cesárea prévia, o que deve ser levado em consideração na escolha do método de indução. Como a frequência absoluta do desfecho primário foi baixa, deve-se ter cautela na interpretação dos achados deste estudo.

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Autor

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

Referências bibliográficas:
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  • Ryberg J

Carlsson YSvensson MThunström ESvanvik TRisk of uterine rupture in multiparous women after induction of labor with prostaglandin: A national population-based cohort study. Int J Gynecol Obstet. 20230017. DOI: 10.1002/ijgo.15208

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