Quais as vacinas recomendadas para a temporada de inverno?

Com a aproximação do inverno, é esperado o aumento na ocorrência de algumas doenças, especialmente as respiratórias. Algumas dessas doenças são imunopreveníveis, com vacinas disponíveis na rede pública e/ou privada do país. 

Saiba mais sobre algumas das vacinas recomendadas para a temporada de inverno. 

Influenza 

O vírus influenza é responsável por quadros respiratórios, sendo uma das principais causas de absenteísmo no mundo. Apesar de na maioria dos casos, causar uma doença autolimitada, quadros de influenza podem estar associados ao desenvolvimento de pneumonia, síndrome respiratória aguda grave e eventos cardiovasculares. 

Como outros vírus respiratórios, o vírus influenza apresenta uma grande capacidade de mutação, muitas vezes resultando em escape do sistema imune e a possibilidade de reinfecções. Além disso, apresentam o potencial de causar pandemias, como as vistas pelo H1N1. 

Diante disso, a vacinação contra influenza é recomendada de forma anual. A cada ano, as cepas que compõem as vacinas são atualizadas de forma a oferecer cobertura para as prováveis variantes que irão circular. 

Imunizantes disponíveis no Brasil

As vacinas contra influenza no Brasil são inativadas, podendo ser trivalentes ou quadrivalentes. As vacinas trivalentes são desenvolvidas para proteção contra duas cepas A e 1 B, enquanto as quadrivalentes, contra duas cepas A e 2 B. Ambas estão aprovadas para pessoas a partir de seis meses, são administradas por via IM e em dose única anual, exceto para menores de nove anos, que recebem duas doses com um mês de intervalo na primeira vez em que são vacinadas. 

No momento, as vacinas quadrivalentes estão disponíveis somente na rede privada, com dose única anual. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina trivalente para os grupos considerados de risco para doença grave, a saber: 

  • crianças de seis meses a menores de seis anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias), 
  • gestantes e puérperas,  
  • povos indígenas, 
  • trabalhadores da saúde, 
  • idosos com 60 anos e mais, 
  • professores das escolas públicas e privadas, 
  • pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais e pessoas com deficiência permanente, 
  • profissionais das forças de segurança e salvamento e das forças armadas, 
  • caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, 
  • trabalhadores portuários, 
  • funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade. 

Vacina pneumocócica 

A bactéria Streptococcus pneumoniae pode ser responsável por diversas doenças, algumas com potencial de gravidade, como pneumonias, bacteremias e meningites. Dada sua transmissão por gotículas, o risco de infecção aumenta com as aglomerações. 

As vacinas pneumocócicas podem ser conjugadas ou polissacarídeas. As primeiras são conjugadas com proteínas, aumentando o potencial de imunogenicidade. Ambos os tipos são vacinas inativadas, administradas por via intramuscular, mas suas posologias e indicações variam. 

A vacina pneumo-10 valente é uma vacina conjugada com cobertura contra dez sorotipos de S. pneumoniae. Está licenciada para uso a partir de dois meses de idade. Faz parte do calendário vacinal pediátrico adotado pelo SUS, com recomendação de duas doses no primeiro ano de vida, com intervalo de duas meses entre cada uma, e uma dose de reforço aos 12 meses. Ela está disponível na rede pública para crianças até 4 anos, 11 meses e 29 dias. Já na rede privada, está disponível para crianças de dois meses a cinco anos. 

A pneumo-13 valente é a vacina recomendada pelas Sociedades Brasileiras de Pediatria e de Imunizações em detrimento da pneumo-10, dada sua cobertura mais ampla, contra 13 sorotipos. Também é uma vacina conjugada, podendo ser administrada a partir dos dois meses de idade. O esquema posológico depende da idade do início da vacinação. Ela está disponível na rede privada e nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para indivíduos com condições que resultem em maior risco de doença invasiva. 

A pneumo-23 valente é uma vacina polissacarídea, indicada para indivíduos com risco aumentado de doença invasiva. Não se recomenda seu uso de rotina em crianças, adolescentes ou adultos saudáveis. Já as pessoas com 60 anos ou mais devem receber pelo menos uma dose. O esquema ideal é a combinação da pneumo-13 (ou pneumo-10) com a pneumo-23, iniciando-se com a primeira. A pneumo-23 deve ser administrada em um intervalo de 6 a 12 meses, com uma dose de reforço cinco anos após. Para os que já receberam uma dose de pneumo-23 anteriormente, recomenda-se uma dose de pneumo-13 após intervalo de um ano, com dose de reforço 5 anos após a pneumo-23.

Grupos de risco 

Consideram-se como grupos de risco para doença pneumocócica invasiva: 

  • pessoas vivendo com HIV/Aids, 
  • pacientes oncológicos, 
  • receptores de transplantes de órgãos sólidos e de células-tronco hematopoiéticas, 
  • asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas, 
  • fístula liquórica e pessoas com implante de cóclea, 
  • imunodeficiências congênitas, 
  • nefropatias crônicas, hemodiálise, síndrome nefrótica, 
  • pneumopatias crônicas, exceto asma intermitente ou persistente leve, 
  • asma persistente moderada ou grave, 
  • fibrose cística, 
  • cardiopatias e hepatopatias crônicas, 
  • doenças neurológicas crônicas incapacitantes, 
  • trissomias e doenças de depósito, 
  • diabetes mellitus. 

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Autor

Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro

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