Pediatras falam do papel que têm no aumento da cobertura vacinal infantil

Apesar do registro recente de aumento no índice de imunização de crianças e adolescentes, a hesitação vacinal ainda é um constante desafio encontrado por grande parte dos pediatras brasileiros. Diante desse cenário, qual o papel dos profissionais de saúde na defesa e proteção de crianças contra doenças potencialmente graves? 

Veja também: Novas vacinas contra tuberculose

Para a Dra. Lilian Messer, pediatra há mais de 20 anos, é fundamental que os pais recebam informações claras, corretas e atualizadas sobre vacinas. “Nosso objetivo é garantir a saúde e o bem-estar das crianças, e a vacinação desempenha um papel crucial nisso”. Ao estabelecer uma relação de confiança com as famílias, os pediatras têm a capacidade de influenciar positivamente as decisões dos pais em relação à vacinação. “Oferecer imunizantes corretamente às crianças não apenas promove saúde ao indivíduo, como se trata de um ato de cidadania”, frisa a médica.  

“O nascimento de uma criança traz consigo uma série de medos e inseguranças. Pais e mães, principalmente de primeira viagem, estão entrando no mundo do calendário vacinal e lidando de forma irrestrita com todo tipo de informações – verdadeiras ou fakes. O pediatra se torna, então, figura central no esclarecimento de dúvidas, na dissipação de mitos e no fornecimento de informações baseadas em evidências cientificas”, diz Dra. Lilian ao Portal. 

pediatras e vacinação

Levantamento

Segundo pesquisa realizada pela UNESP em 2023, entre os fatores externos que mais estimulam os sentimentos de desconfiança e de repúdio às vacinas por parte dos pais estão o uso das redes sociais (31%), conteúdos veiculados pela mídia (21%) e a busca por informações na internet (14%). Também foram citados os conteúdos transmitidos por WhatsApp (8%), conselhos de amigos e familiares (8%).  

Dentre os motivos mais comuns alegados para a decisão de não vacinar os filhos estão o receio de eventos adversos (20%), desconfianças quanto à segurança das vacinas (19%), esquecimento (18%) e falta de oferta no sistema público (18%). 

A primeira tendência de baixa na vacinação no Brasil foi registrada a partir de 2015, quando o índice de 97% começou a cair, chegando a 75% em 2020. Nesse período, as maiores quedas dizem respeito às vacinas para a BCG (38,8%) e a Hepatite A (32,1%). 

Pandemia

Para a Sociedade Brasileira de Pediatria, a pandemia de covid-19 intensificou ainda mais este processo. Entre os fatores mais mencionados para evitação das vacinas estão o medo de danos às crianças (18%), medo de problemas como miocardite e trombose (16,5%), e preocupações com a segurança geral das vacinas de RNA (13%).

O argumento que crianças não desenvolvem a forma grave da doença também foi usado para justificar a hesitação (13%), assim como de que os reforços seriam apenas uma estratégia dos laboratórios para empurrar a vacina para cima dos governos (7%) e que a infecção natural protege por mais tempo do que a vacina (6%).  

Leia mais: Vacinas bivalentes contra a covid-19

Desafios e Perspectivas

Apesar dos esforços bem sucedidos do Ministério da Saúde e da comunidade médica em geral, ainda existem desafios a serem superados. Segundo a ministra da pasta, Dra. Nísia Trindade, a alavancada recente já é fruto da estratégia adotada desde o início da gestão – com a criação do Movimento Nacional pela Vacinação, lançado em fevereiro de 2023, a adoção do microplanejamento, o repasse de mais de R$ 151 milhões para ações regionais nos estados e municípios e o lançamento do programa Saúde com Ciência.  

Acesse o Calendário Nacional de Vacinação aqui.  

Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal. 

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Autor

Roberta Santiago é jornalista desde 2010 e estudante de Nutrição. Com mais de uma década de experiência na área digital, é especialista em gestão de conteúdo e contribui para o Portal trazendo novidades da área da Saúde.

Referências bibliográficas:
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  • Brasil reverte tendência de queda nas coberturas vacinais e oito imunizantes do calendário infantil registram alta em 2023 [Internet]. Ministério da Saúde. [cited 2024 Jan 9]. Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/dezembro/brasil-reverte-tendencia-de-queda-nas-coberturas-vacinais-e-oito-imunizantes-do-calendario-infantil-registram-alta-em-2023.
  •  Hesitação vacinal é multifatorial e deve ser enfrentada com diálogo e evidências científicas [Internet]. Butantan.gov.br. 2023. Available from: https://butantan.gov.br/noticias/hesitacao-vacinal-e-multifatorial-e-deve-ser-enfrentada-com-dialogo-e-evidencias-cientificas.
  • Pediatras precisam de ajuda para reverter ideias equivocadas de pais sobre segurança de vacinas, mostra levantamento inédito [Internet]. Jornal da Unesp. 2023. Available from: https://jornal.unesp.br/2023/05/18/pediatras-pedem-ajuda-para-reverter-ideias-equivocadas-de-pais-sobre-seguranca-de-vacinas-mostra-levantamento-inedito/.
  • Vacinação é um ganho civilizatório, afirma Nísia Trindade [Internet]. Agência Brasil. 2023 [cited 2024 Jan 9]. Available from: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-09/vacinacao-e-um-ganho-civilizatorio-afirma-nisia-trindade.


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