O poder das redes sociais na influência alimentar

Com uma população digital de cerca de 156 milhões de pessoas, o Brasil é um dos campeões mundiais em tempo de navegação na internet. Os temas buscados são infinitos, e vão desde viagens, trabalho, moda e, claro, saúde. Aliás, as redes sociais vêm desempenhando um papel crucial na disseminação de informações sobre alimentação.

Plataformas como Instagram, TikTok e Pinterest são frequentemente utilizadas para compartilhar receitas, dicas de dieta e experiências pessoais, como mostra a pesquisa “Panorama Alimentação Saudável no Brasil”, realizada pelo instituto Elife Group e publicada recentemente. Segundo um outro levantamento, conduzido pelo DIGITAL 2023 – Brazil, as páginas relacionadas a restaurantes, chefes ou comidas representam 34,5% de todas as contas profissionais do Instagram.

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O poder das redes sociais na influência alimentar

Quebrando mitos

No entanto, é importante que os médicos, sejam quais forem suas especializações, orientem seus pacientes sobre a importância de discernimento ao interpretar esse volume tão intenso de informações, uma vez que nem todas são respaldadas por evidências científicas. A internet é um terreno fértil para a propagação de mitos, como alimentos miraculosos que prometem a perda de peso instantânea e a demonização indiscriminada de grupos alimentares, como glúten, lactose e carboidratos em geral.

“As dietas precisam ser manejadas de acordo com o organismo de cada pessoa, levando em consideração seu histórico de saúde e seus objetivos. Algumas dietas, além de não funcionarem para uns indivíduos, ainda podem ser desaconselháveis para outros, como é o caso da low carb. Como ela prioriza muito a gordura saturada, de origem animal, e com isso eleva o LDL, é prejudicial aqueles que já tenham sofrido com algum quadro cardiovascular”, diz a médica endocrinologista Dra. Nathalia Nicolau.

Mesmo tratando de diversas outras condições relacionadas à sua área, a endocrinologista é figura constante em programas de TV e podcasts que levam receitas funcionais e saudáveis ao conhecimento do público. “Não tem mistério. No que diz respeito à alimentação, para reduzir o risco de doença crônica, como diabetes, hipertensão, obesidade, doença cardiovascular, continua valendo a regra do ‘desembale menos e descasque mais’”, completa.

Responsabilidade

As redes sociais criaram um espaço de comunicação, colaboração e interação que podem contribuir com o processo de aprendizagem e troca de conhecimento. No entanto, para o seu uso na área da saúde, é preciso seguir as normas do código de ética médica e do CFM. Dessa forma, produzir conteúdo baseado em artigos e congressos é essencial para que seu uso seja o mais seguro e responsável possível. Outro ponto que deve ser levado em consideração é o cuidado na construção da imagem do profissional, já que pacientes e familiares procuram, muitas vezes, os perfis dos médicos, seja para obter informações educacionais sobre hábitos saudáveis, conhecer seu histórico e formação acadêmica, especializações e até para saber mais sobre sua vida pessoal.

Lado bom X lado ruim

Apesar das maravilhas que é capaz de promover, a inserção da internet no dia a dia tem seus contras também. Evidências de 50 estudos em 17 países indicam que o uso das redes sociais leva a preocupações com a imagem corporal, comparativos sociais, ideal de magreza e auto objetificação — o que pode, por si só, ser um gatilho para problemas de saúde mental, desencadeando muitas vezes distúrbios e desordens alimentares.

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No entanto, não é somente o conteúdo que pode ser prejudicial. Segundo ainda a endocrinologista, o hábito de rolar a tela durante uma refeição pode fazer com que o alimento não seja devidamente aproveitado e desfrutado, comprometendo a qualidade da refeição. “Enquanto se distrai, a pessoa pode acabar comendo demais ou de menos, ou ainda não perceber exatamente o que está ingerindo”, reforça a Dra. Nathalia.

De bem com a comida

É justamente para rebater esse intenso fluxo de informações a respeito de ingredientes liberados ou proibidos, vilões e mocinhos na mesa da população, que nascem cada vez mais movimentos de “libertação das dietas”, defendendo o comer intuitivo e o resgate da boa relação com a comida. É o caso dos perfis de Instagram @obarrigapositiva e @astralbr (perfil da Associação Brasileira de Transtornos Alimentares), e dos movimentos da nutrição comportamental, do slow food e da comensalidade, que preconizam o reconhecimento da importância do prazer aliado à alimentação.

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Autor

Roberta Santiago é jornalista desde 2010 e estudante de Nutrição. Com mais de uma década de experiência na área digital, é especialista em gestão de conteúdo e contribui para o Portal trazendo novidades da área da Saúde.

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