Novas recomendações da SBPC/ML abordam sorologia para H. pylori, HbA1C e mais

Em uma parceria entre a Choosing Wisely Brasil e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) foram lançadas cinco novas recomendações, durante o 55º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML), realizado no período de 5 a 8 de setembro deste ano, na cidade de São Paulo (SP).

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Novas recomendações da SBPCML abordam sorologia para H. pylori, HbA1C e mais

Nesta terceira lista de recomendações da SBPC/ML, os assuntos abordados foram: sorologia para Helicobacter pylori, hemoglobina glicada, tempo de sangramento, procalcitonina e coleta de swabs para cultura. Veja abaixo:

1. Não solicite sorologia para Helicobacter pylori:

Exames para o diagnóstico de infecção por Helicobacter pylori só devem ser solicitados naquelas situações em que existe indicação de tratamento caso o resultado seja positivo. A avaliação sorológica para determinar a presença ou ausência de infecção por H. pylori não é considerada clinicamente útil. Quando indicado, existem métodos alternativos que demonstram maior utilidade clínica, sensibilidade e especificidade. O American College of Gastroenterology e a American Gastroenterology Association recomendam o teste respiratório da urease e a pesquisa do antígeno fecal como as modalidades de exame preferenciais para infecção ativa por H. pylori, nos casos em que a investigação diagnóstica esteja indicada.

2. Não repita o exame HbA1c (hemoglobina glicada) em menos de três meses em pacientes estáveis:

A vida útil da HbA1c é de aproximadamente 90 a 120 dias, e os efeitos completos de uma mudança de comportamento, dieta ou ajustes de medicamentos não serão totalmente apreciados até que toda a HbA1c em circulação seja substituída (aproximadamente 90 dias). Portanto, testes em intervalos de tempo inferiores a 3 meses podem não oferecer um prazo suficiente para avaliar se o objetivo esperado pelo médico foi atingido. A realização de HbA1c em intervalos de 6 meses pode ser recomendada em indivíduos que alcançaram consistentemente as metas glicêmicas.

3. Não utilize o tempo de sangramento para guiar decisões clínicas:

O tempo de sangramento é um exame antigo, que vem sendo substituído por outros, que avaliam a coagulação de maneira mais confiável. Não foi estabelecida relação entre o tempo de sangramento e o risco real de sangramento do paciente. Existem outros exames da coagulação disponíveis para avaliar o risco de sangramento do paciente.

4. Não solicite procalcitonina sem um protocolo bem estabelecido, baseado em evidências:

A procalcitonina é um biomarcador que tem sido utilizado para identificar pacientes com certas infecções bacterianas, como por exemplo sepse. O uso apropriado inclui dosagens seriadas (normalmente diárias) em pacientes selecionados (por exemplo, pacientes com febre e infecções graves presumidas, para os quais foi iniciado antimicrobiano). Dessa maneira, ela auxilia na identificação de pacientes de baixo risco com infecções respiratórias que não se beneficiariam de terapia antimicrobiana, e na diferenciação entre contaminantes de hemoculturas (ex.: Staphylococcus coagulase negativos) de infecções verdadeiras. Quando utilizada de maneira apropriada, leva a oportunidades significativas de redução do uso desnecessário de antimicrobianos. A super utilização de agentes antimicrobianos está diretamente relacionada ao desenvolvimento de resistência antimicrobiana, de forma que o uso criterioso destes agentes deve ser garantido. Quando a Procalcitonina é mal utilizada e os algoritmos estabelecidos não são seguidos, o exame perde seu significado, há custo, mas não benefício ao paciente. Estes cenários ocorrem com frequência quando não há um protocolo institucional bem estabelecido e baseado em evidências. É importante que o laboratório e a liderança da unidade de terapia intensiva estabeleçam os protocolos mais apropriados para o contexto local e monitorem o uso adequado do exame.

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5. Não utilize swabs para coleta de amostras para cultura microbiológica em espécimes cirúrgicos:

Para a recuperação ideal dos microrganismos, sempre que possível, devem ser enviadas amostras de tecido ou fluidos e secreções coletadas em seringas ou frascos estéreis. Apesar destas recomendações, muitos laboratórios continuam recebendo swabs, mesmo em situações nas quais amostras de tecido ou fluidos e secreções estão disponíveis. Em alguns casos, ambos (tecido e swab) podem ser coletados simultaneamente para cultura. Amostras de swab não são ideais para exames microbiológicos porque, neste cenário, amostras de tecido ou fluidos e secreções têm maior especificidade e são mais propensas a refletir o processo patológico que está sendo investigado e há evidências de que os swabs não oferecem benefícios, aumentando os custos. A eliminação de swabs, sempre que possível, e o envio apenas de tecidos ou fluidos e secreções resolve estes problemas e resulta em um uso mais eficiente dos recursos e do pessoal do laboratório.

Sobre a Choosing Wisely Brasil

A Choosing Wisely Brasil foi criada em 2015 no Brasil, a partir da inciativa lançada em 2012 pela American Board of Internal Medicine (ABIM) Foundation. Ela é um braço de uma campanha multinacional — atualmente em mais de 20 países — que visa auxiliar médicos e pacientes a promoverem reflexões sobre excessos em intervenções (testes, procedimentos, tratamentos), colaborando para escolhas mais assertivas em saúde, baseadas em evidências.

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Autor

Graduação em Medicina pela Universidade Gama Filho (UGF) • Residência Médica em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial pela Universidade Federal Fluminense (UFF) • Membro titular da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) • Pós-Graduado em Medicina do Trabalho pela Faculdade Souza Marques (FTESM) • Médico Patologista Clínico do Laboratório Morales • Médico Patologista Clínico do Laboratório Central do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF) • Médico do corpo clínico do Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (IETAP)

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