Mulungu e sua atividade antimicrobiana na cavidade oral

Close da planta medicinal mulungu mostrando seus detalhes

Plantas Medicinais

O uso de plantas medicinais é extremamente comum na população brasileira, com receitas e formas de uso que atravessam gerações. Diante da forte influência até mesmo cultural das plantas medicinais, o Ministério da Saúde introduziu algumas políticas públicas que buscam a inclusão delas no Sistema Único de Saúde (SUS) objetivando promoção, prevenção e recuperação da saúde por meio de acesso seguro e uso racional de plantas medicinais.  

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Fitoterápicos no contexto brasileiro 

No Brasil, uma lista contendo 71 ervas medicinais foi divulgada pelo Ministério da Saúde com intuito de conduzir pesquisas e desenvolvimento de fitoterápicos para uso no SUS. Essa lista é conhecida como Relação de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS – RENISUS.  Várias são utilizadas como agentes antimicrobianos, anti-inflamatórios e analgésicos.  

Cerca de 80% da população brasileira utiliza produtos à base de plantas em seus cuidados com a saúde mediante uso popular, indicado por profissionais ou orientada pelos princípios e diretrizes do SUS. O objetivo do RENISUS e dos estudos subsequentes é de ajudar a tornar disponíveis plantas medicinais e/ou produtos à base de ervas medicinais nas Unidades de Saúde da Família, pois estabelece novas opções de tratamento eficazes, seguras, de amplo acesso e baixo custo à população.  

A Erythrina mulungu é conhecida pelos nomes  mulungu, murungu, mulungu-coral ou molungo. É uma espécie da família Fabaceae e gênero Erythrina encontrada na parte central do Brasil. Está presente na RENISUS, sendo uma espécie utilizada para diferentes ações farmacológicas, atuando principalmente como sedativa e hipotensiva, usada principalmente em forma de chás e recentemente como antimicrobiano.  

Juntamente com outras plantas, o mulungu foi utilizado em estudo que teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana de diferentes extratos de ervas medicinais sugeridos pelo Ministério da Saúde para utilização no SUS frente a bactérias orais. Vale lembrar que as doenças da cavidade oral acometem grande parte da população, comprometendo a deglutição, a mastigação e, por consequência, a absorção adequada dos alimentos, além de influência na autoestima e qualidade de vida, por questões estéticas.   

O mulungu foi uma das plantas do estudo com maior atividade bactericida e bacteriostática frente a microrganismos orais, o que pode estar vinculado à presença de grande quantidade de fenóis e taninos encontrada em suas folhas. Além disso, devido à ação sedativa, pode ser utilizada para inflamações orais.     

A Erythrina mulungu e a Mentha piperita (hortelã-pimenta) foram as únicas a mostrar atividade bacteriana frente a S. mutans, podendo ser denominadas como potencial de uso para combate ao biofilme cariogênico, já que o S. mutans é o microrganismo considerado como o principal e resistente constituinte de biofilmes cariogênicos.  

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Considerações finais

O mulungu é usado na Medicina popular brasileira como calmante e recentes estudos mostraram efeitos anti-inflamatórios na cavidade oral. Devemos estar atentos, entretanto, que nem todas as plantas de uso popular são recomendadas para fins medicinais. Portanto, é sempre importante certificar se o uso é indicado, qual a dose recomendada e orientar o acompanhamento profissional.  

Artigo escrito em parceria com: Danielle Martins Fernandes e Souza: Gastroenterologista da Clínica NU.VE.M, BH. Título de Especialista em Gastroenterologia pela AMB. Membro titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Especialização em Gastroenterologia pelo Hospital Lifecenter. Especialização em Clínica Médica pelo Hospital Mater Dei. Título de Especialista em Clínica Médica pela AMB. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9277963606660241 

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Autor

Graduação em Medicina pela UFMG em 1989 • Residência em Clínica Médica/Patologia Clínica pelo Hospital Sarah Kubistchek • Gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia • Especialista em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein • Mestre e Doutora em Ciências com concentração em Patologia pela UFMG • Docente do curso de pós graduação em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein • Responsável técnica da Clínica NU.V.E.M BH • http://lattes.cnpq.br/0589625731703512

Referências bibliográficas:
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  • Feitosa Alves, V, et al. Atividade antimicrobiana de plantas medicinais indicadas para uso no Sistema Único de Saúde / Antimicrobial activity of medicinal plants for their potential use in the Brazilian Unified Health System Rev. cuba. estomatol (2019): e1159-e1159.  

  • Plantas medicinais e fitoterápicos no SUS [Internet]. Ministério da Saúde. Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/daf/pnpmf/plantas-medicinais-e-fitoterapicos-no-sus.‌

     

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