Pacientes imunodeprimidos, principalmente os com câncer e transplantados de medula óssea, são os de maior risco para infecções relacionadas à assistência à saúde e no quarto dia do IDWeek 2023, uma boa parte da tarde foi concentrada na discussão de como prevenir e manejar esses casos.
Esses pacientes têm três vezes mais chances de morrerem por uma infecção e os fatores de risco relacionados são idade, exposição prévia a antibióticos, exposição frequente ao ambiente hospitalar, uso de dispositivos invasivos, tipo de neoplasia, neutropenia e lesão de mucosa por quimioterapia.
De todas as infecções que podem acometer esses pacientes, as mais discutidas em termos de prevalência foram as por enterococos resistentes a vancomicina (VRE) e C. difficile.
ID Week 2023: O congresso traz novidades no tratamento de doenças infecciosas
– VRE
A transmissão ocorre dentro do próprio ambiente hospitalar, sendo o uso prévio de antibióticos o maior predisponente à aquisição desse germe e a colonização por ele é, geralmente, anterior à infecção. Percebeu-se que a vigilância ativa tem benefício limitado e que a melhor estratégia de prevenção é a realização dos bundles de manutenção e inserção de dispositivos invasivos.
– C. difficile
Duas cepas são de maior risco a transmissão hospitalar: RT-027 (ST-1) e RT-078 (ST-11).
Os principais fatores de risco são idade avançada, tipo de quimioterápico usado, uso prévio de antibioticoterapia, fatores relacionados à neoplasia (tipo de câncer, duração, estágio), colonização prévia.
E fica o alerta: qualquer diarreia frequente nesse tipo de paciente deve ser testada, preferencialmente por amplificação de ácido nucleico (NAAT).
Além disso, a discussão sobre as infecções por vírus respiratórios também se faz muito importante, ainda mais depois da pandemia de covid-19. Estima-se que uma em cada cinco pneumonia hospitalares nesses pacientes sejam de origem viral. Os pacientes imunocomprometidos estão sob maior risco de evoluir de forma grave, além de serem uma possível fonte de contaminação por poderem apresentar viremia prolongada.
As principais estratégias preventivas são:
- Vigilância ativa com testagem da equipe de saúde e acompanhantes,
- Testar sintomáticos e assintomáticos com maior intensidade em lugares com altas taxas de transmissão comunitárias,
- Uso de máscaras para equipe de saúde, visitantes e pacientes,
- Quartos privativos e/ou coortes,
- Melhoria na ventilação do ambiente.
Precaução prolongada
Ressaltou-se que a descontinuação prematura das medidas de precaução podem facilitar a transmissão viral dentro do ambiente hospitalar. Entretanto, pontua-se que a precaução prolongada causa:
- Atraso no tratamento e em procedimentos,
- Consumo excessivo de equipamentos de proteção individual,
- Uso excessivo de recursos estruturais (quartos privativos),
- Frustração em pacientes e acompanhantes,
- Demora para alta hospitalar, já que o isolamento domiciliar muitas vezes não é realístico.
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Autor
Médica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Mestrado em Pesquisa Clínica pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Infectologista pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense