IDWeek 2023: Atualizações nos guidelines do IDSA

A quarta manhã do IDWeek 2023 iniciou com a discussão das principais mudanças em alguns guidelines do IDSA para 2023/2024. 

  • ID Week 2023: O congresso traz novidades no tratamento de doenças infecciosas

    ID Week 2023: O congresso traz novidades no tratamento de doenças infecciosas

    Infecção do Trato Urinário (ITU) 

A principal mudança foi a nova definição de ITU. Antigamente havia uma divisão em ITU não complicada (cistite aguda em mulheres não grávidas, sem febre, sem diabetes e sem anormalidades urológicas), ITU complicada (todas as cistites que não se encaixam na definição anterior) e pielonefrite aguda. Agora a nova definição leva em conta apenas ITU complicada (toda infecção que não envolve somente a bexiga) e não complicada (infecção envolvendo apenas a bexiga, mesmo que em homens).  

A conferência seguiu explicando o manejo da ITU complicada: 

  1. Escolha do antimicrobiano empiricamente 

Condição do paciente  Primeira linha  Alternativas 
Sepse (com ou sem choque)  Quinolonas, cefalosporinas de terceira ou quarta geração, piperacilina-tazobactam ou carbapenêmicos  Betalactâmicos com novos inibidores de betalactamases, aminoglicosídeos, plazomicina ou cefiderocol 
Sem sepse  Quinolonas, cefalosporinas de terceira ou quarta geração, piperacilina-tazobactam  Betalactâmicos com novos inibidores de betalactamases, aminoglicosídeos, plazomicina, cefiderocol ou carbapenêmicos 

 Escolha levando em consideração a gravidade da doença, os riscos do paciente em ter uma infecção por germe multirresistente (como uso de quinolonas no último ano, infecção por bactéria resistente no último ano), alergias, interações medicamentosas, comorbidades e epidemiologia local.  

  1. Pacientes que estejam em uso de medicação venosa e apresentem melhora clínica, a troca para opção oral deve ser considerada. 

Melhora clínica – paciente afebril ou melhora da curva térmica progressiva, estabilidade hemodinâmica, controle de foco infeccioso (obstrução resolvida, abscesso drenado, nenhum outro procedimento urológico programado) 

  1. Trate pielonefrite por 7 dias (ou 5 em caso de uso de quinolona).  
  1. Fatores que o guideline não aborda e que devem ser individualizados: 

A duração do tratamento em homens com prostatite ainda não está bem definida.  

Infecção relacionada a cateter, sepse severa, paciente imunocomprometido, pacientes em insuficiência renal, prostatite aguda e disfunção ou anormalidade estrutural do trato urinário.  

  • Infecção Primária de Corrente Sanguínea (IPCS) 

As principais novidades no manejo da IPCS são: 

  1. Pacientes com suspeita da IPCS devem ter amostra de sangue coletadas para hemocultura tanto periféricas como do cateter (recomendação forte, evidência de baixa qualidade). 

IPCS pode ser excluída com segurança se a cultura do cateter for negativa. 

  1. Pacientes adultos com suspeita de IPCS que tiverem cateter com mais de um lúmen, devem ter coletados culturas de cada lúmen (recomendação forte, evidência de baixa qualidade). 
  1. Em pacientes com hemocultura periférica negativa, porém, do cateter positiva para Staphylococcus spp. Coagulase negativo, sem evidência de sepse ou instabilidade hemodinâmica, sugere-se monitoramento sem a prescrição imediata de antimicrobiano (recomendação fraca, evidência de muito baixa qualidade).  
  1. Na mesma situação acima, porém com crescimento de S aureus ou Candida, sugere-se início de antimicrobiano (recomendação fraca, evidência de muito baixa qualidade).  
  1. Em pacientes com IPCS cujo cateter foi retirado, sugere-se tratamento por 14 dias, particularmente se S aureus e Candida (recomendação fraca, evidência de baixa qualidade).  

Duração prolongada (6 semanas) deve ser considerada em pacientes com alto risco para endocardite ou que tenham dispositivo protético. 

Duração curta (7 dias) pode ser considerada para bactérias Gram negativas. 

  1. Em situações em que a punção de um novo acesso vascular é limitada, sugere-se a troca no mesmo sítio utilizando-se guia por um cateter impregnado por antimicrobiano com atividade contra o germe responsável pela infecção (recomendação fraca, evidência de muito baixa qualidade).  
  1. Em pacientes com IPCS que já tiveram seu acesso retirado e que estão em antibioticoterapia, uma nova reinserção deve ser feita após hemoculturas negativas (recomendação fraca, evidência de baixa qualidade).  

Entretanto, se o paciente está em melhora clínica, e o patógeno não é Candida spp, a reinserção pode ser feita com clinicamente indicada com monitoramento contínuo do paciente.  

  • Pneumonia Comunitária na população pediátrica 

A última atualização desse guideline foi em 2011, por isso, essa foi uma sessão muito esperada e que contou com as seguintes mudanças: 

  1. Em crianças com diagnóstico de derrame parapneumônico complicado ou empiema, sugere-se a obtenção de ultrassonografia pulmonar como primeira opção diagnóstica (recomendação fraca, evidência de baixa qualidade).  

Se a ultrassonografia não estiver prontamente disponível, realizar tomografia computadorizada de tórax e não atrasar um exame de imagem.  

  1. Sugere-se drenagem torácica e uso de fibrinolíticos intrapleural à toracoscopia por vídeo como primeira linha em crianças (3 meses – 18 anos) com empiema associado a pneumonia comunitária (recomendação fraca, evidência de muito baixa qualidade).  

O segundo procedimento deve ser reservado para pacientes que foram submetidos ao primeiro e não responderam.  

De qualquer forma, a decisão deve levar em consideração a estrutura hospitalar e a experiência dos médicos que estão assistindo o paciente.  

  1. Sugere-se prescrição de ativador de plasminogênio tecidual sozinho à associação com dornase alfa. 

Recomendação feita baseada em ensaio clínico randomizado único que fora realizado em adultos.  

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Autor

Médica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Mestrado em Pesquisa Clínica pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Infectologista pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense

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