Febre maculosa: como identificar a doença? [podcast]

A febre maculosa, também conhecida como febre das montanhas rochosas, é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida por carrapatos, que pode cursar com formas leves e atípicas até formas graves com elevada taxa de letalidade. Consiste na riquetsiose associada, principalmente, com a espécie Rickettsia rickettsii.

Neste episódio, a infectologista e editora médica do Whitebook, Raíssa Perlingeiro, comenta sobre essa doença com vasta manifestação clínica, tanto de forma leve, como grave, que pode levar à letalidade e bastante prevalente no Brasil, sendo 90% dos casos concentrados nas regiões sul e sudeste.

A etiologia está relacionada com as espécies Rickettsia rickettsii e Rickettsia parkeri, bactérias gram-negativas intracelulares obrigatórias, cujos principais vetores e reservatórios são os carrapatos do gênero Amblyomma, tais como A. sculptum (A. cajennense), A. aureolatum e A. ovale. Porém, reconhece-se que qualquer espécie de carrapato pode ser reservatório, incluindo aqueles provenientes de cães, equídeos, roedores, como a capivara, e marsupiais, como o gambá.

A transmissão para os humanos ocorre a partir da picada do carrapato infectado com riquétsia quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por um período de quatro a seis horas.

Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses. O período de incubação da doença no ser humano é de 2 a 14 dias.

Apresentação Clínica

Anamnese e Exame Físico

A febre maculosa pode apresentar manifestações clínicas diversas, que variam desde quadros clássicos a formas atípicas sem exantema.

Fase inespecífica: Início agudo com sintomas inespecíficos como febre, geralmente alta, cefaleia, mialgia intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos.

Fase específica: Entre os dias 2 e 6 da doença, surge o exantema máculo-papular, com progressão centrípeta e predomínio nos membros inferiores, com possível acometimento das regiões palmar e plantar, porém o exantema pode estar ausente. Nos casos graves, o exantema vai se transformando em petequial e, depois, em hemorrágico, constituído principalmente por equimoses ou sufusões. No paciente não tratado, as equimoses tendem à confluência, podendo evoluir para necrose, principalmente em extremidades.

Em caso de maior gravidade, pode-se observar a presença de:

  • Edema de membros inferiores;
  • Hepatoesplenomegalia;
  • Manifestações renais: Azotemia pré-renal caracterizada por oligúria e insuficiência renal aguda;
  • Manifestações gastrointestinais: Náusea, vômito, dor abdominal e diarreia;
  • Manifestações pulmonares: Tosse, edema pulmonar, infiltrado alveolar com pneumonia intersticial e derrame pleural;
  • Manifestações neurológicas: Déficit neurológico, meningite e/ou meningoencefalite com liquor asséptico;
  • Manifestações hemorrágicas: Petéquias e sangramento mucocutâneo, digestivo e pulmonar.

Observação: O paciente pode evoluir para torpor e confusão mental, com alterações psicomotoras, evoluindo para o coma. Alterações como icterícia e convulsões podem ocorrer em fase mais avançada da doença.

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