A criptorquidia é a anomalia genitourinária mais comum em lactentes do sexo masculino sendo definida pela ausência de testículo no saco escrotal em função da sua não descida ou não permanência no seu interior até os 4-6 meses de idade (ou para a idade corrigida em prematuros).
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Clinicamente, percebe-se o hemiscroto vazio e hipoplásico ou pouco rugoso e está presente em cerca de 2 a 5% dos meninos nascidos a termo e em cerca de 30% dos prematuros. É mais comum nos prematuros, tendo em vista que os testículos são órgãos intra-abdominais e iniciam o seu trajeto de descida à bolsa testicular por volta do sexto ou sétimo mês gestacional. Ademais, baixo peso ao nascer e exposição antenatal a pesticidas também são fatores de risco.
Cabe destacar que na maioria dos casos, os testículos se posicionarão de maneira correta até os 3-6 meses de vida, sendo a prevalência de criptorquidia em crianças de 1 ano de idade de 1%.
Em caso da ausência de descida espontânea, a criptorquidia deve ser corrigida uma vez que aumenta o risco de infertilidade, câncer testicular, torção de testículo e hérnia associada. Logo, antes de um ano de idade (preferencialmente), o paciente deve ser encaminhado ao cirurgião pediátrico a fim de fixar o testículo viável na posição correta ou remover o testículo inviável.
- Hérnia inguinal: Até 90% dos testículos criptorquídicos apresentam o conduto peritônio-vaginal patente;
- Torção testicular: O risco é muito elevado em relação aos testículos tópicos;
- Trauma testicular: Os testículos que permanecem no canal inguinal (localização mais comum) apresentam um risco aumentado de lesão traumática contundente, devido ao potencial de compressão do testículo contra o osso púbico;
- Alterações da fertilidade: Ocorre devido aos efeitos da temperatura mais elevada do que na bolsa escrotal, desencadeando progressiva fibrose intersticial, redução do desenvolvimento tubular e diminuição do volume testicular. Há consequente prejuízo da espermatogênese, com diminuição da contagem de espermatozoides, espermatozoides de pior qualidade e menores taxas de fertilidade. O grau de disfunção das células germinativas aumenta com o acometimento bilateral e maior tempo de posição supraescrotal do testículo;
- Alterações histológicas: A lesão histológica que ocorre em testículos criptorquídicos se inicia a partir dos 6 meses de vida, é irreversível, e progressiva. O achado mais consistente é o desenvolvimento anormal das células germinativas. O aumento da idade está associado à progressiva perda de células germinativas e de Leydig, sendo maior nos testículos intra-abdominais;
- Malignização: A associação entre distopia e malignidade testicular é consolidada. Devido aos efeitos decorrentes da localização inadequada, os testículos criptorquídicos apresentam risco até 15 vezes maior de transformação maligna. Além disso, os tumores tendem a ser mais agressivos (seminomas). Há controvérsias se a cirurgia modifica o risco de malignização, no entanto, o diagnóstico precoce pela palpação é facilitado se o testículo estiver na bolsa escrotal.
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Autor
Editora médica do Whitebook ⦁ Residente de Pediatria pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ⦁ Graduação em Medicina pela UFPE.
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