Conduta em obstrução congênita do intestino delgado

A obstrução congênita do intestino delgado consiste no bloqueio parcial ou completo da passagem do conteúdo intestinal pelo duodeno, jejuno e/ou íleo, em decorrência de causas mecânicas ou funcionais. Para saber mais sobre essa conduta pediátrica, acesse no Whitebook!

Durante a formação do trato gastrointestinal, alguns fatores podem alterar seu desenvolvimento, causando alterações morfológicas como estreitamento do lúmen (estenoses) ou até mesmo sua obstrução completa (atresias).

intestino

Apresentação clínica: obstrução congênita do intestino delgado

O quadro de obstrução intestinal neonatal pode ser definido por ausência de eliminação de mecônio, acompanhada de distensão abdominal progressiva e vômitos, ainda que até 30% das obstruções apresentem eliminação meconial nos primeiros dias.

Quadro clínico:

  • A maioria dos lactentes com atresia intestinal nasce a termo ou próximo;
  • Aqueles com atresia duodenal ou outra obstrução proximal tendem a ser pequenos para a idade gestacional;
  • Obstrução intestinal apresenta tipicamente distensão abdominal, exceto nas lesões mais proximais;
  • O vômito geralmente começa nas primeiras 24-48 horas após o nascimento;
  • A apresentação pode ser retardada por dias ou semanas em crianças com obstrução parcial em razão de estenose ou alterações de rotação intestinal;
  • O diagnóstico pode não ser suspeitado até que o bebê tenha experimentado múltiplos episódios de vômito e distensão abdominal;
  • A obstrução intestinal aumenta a circulação êntero-hepática da bilirrubina e, muitas vezes, resulta em icterícia;
  • O nível sérico de bilirrubina frequentemente é maior na obstrução do intestino delgado comparativamente à obstrução do intestino grosso.

Exame físico:

  • Um exame físico completo deve ser realizado, incluindo uma avaliação da gravidade da doença. A criança deve ser avaliada quanto a comprometimento respiratório e sinais de depleção de volume (ex.: ressecamento de mucosas, perda do turgor cutâneo e fontanela afundada);
  • As anomalias congênitas devem ser documentadas, incluindo sinais de anormalidades cromossômicas como a síndrome de Down;
  • A presença de icterícia deve ser observada;
  • A aparência do abdome pode sugerir a localização da atresia. Se a obstrução for distal, o abdome é frequentemente distendido com alças intestinais visíveis ou palpáveis. Obstrução proximal pode resultar em pouca distensão;
  • O abdome deve ser palpado para detectar a presença de massa. Dor à palpação abdominal pode indicar peritonite. A presença ou ausência de sons intestinais deve ser notada;
  • O períneo deve ser examinado. A localização e a permeabilidade do ânus devem ser observadas.

Atresia duodenal:

  • Os lactentes com atresia ou estenose duodenal têm, tipicamente, distensão gástrica e vômitos biliosos, na maioria das vezes. Pode haver eliminação de mecônio nos casos de estenose, por exemplo;
  • A atresia duodenal é um achado isolado em um terço a metade dos casos, porém está frequentemente associada a outras malformações, incluindo gastrointestinais (atresia biliar, agenesia da vesícula biliar), cardíacas, renais e anomalias vertebrais;
  • Aproximadamente 24-28% dos recém-nascidos com atresia ou estenose duodenal têm síndrome de Down. Inversamente, aproximadamente 2,5% dos pacientes com síndrome de Down têm atresia duodenal ou estenose.

Atresia ileal e jejunal:

  • Os lactentes afetados desenvolvem distensão abdominal e vômitos nos primeiros 2 dias após o nascimento. O vômito geralmente é bilioso;
  • A maioria das crianças com obstrução intestinal não apresenta eliminação de mecônio. No entanto, o mecônio pode permanecer no intestino distal além da obstrução. Como resultado, os recém-nascidos com atresia jejunal ou ileal podem apresentar alguma eliminação de mecônio;
  • A maioria das atresias jejunoileais ocorre em recém-nascidos sem demais alterações, embora alguns casos estejam associados a outras malformações. A atresia jejunal ou ileal também pode ocorrer no íleo meconial.

Alterações de rotação intestinal:

  • Os sintomas, como dor abdominal recorrente, vômitos crônicos e, às vezes, constipação intestinal, podem aparecer durante ou após o período neonatal;
  • Em casos mais graves, pode haver torção sobre o eixo da artéria mesentérica superior, levando ao volvo intestinal agudo. Como o suprimento sanguíneo do intestino médio se situa no pedículo do mesentério, isquemia e necrose instalam-se rapidamente. Ocorrem vômitos biliosos, distensão e dor abdominal. A progressão da isquemia intestinal leva à necrose, seguida de peritonite, choque hipovolêmico e sepse. O abdome torna-se distendido, com edema e hiperemia de parede, extrema sensibilidade e, às vezes, coloração violácea periumbilical.

Íleo meconial:

  • Em geral, a distensão abdominal está presente ao nascimento. Após o fim do 1º dia, com a deglutição de ar, a distensão piora e a criança vomita bile;
  • Alças intestinais espessadas podem ser palpadas ou mesmo visíveis. Distensão abdominal maciça, abdome tenso e eritema indicam presença de complicações.

Acesse o Whitebook e saiba mais!

Selecione o motivo:

Errado

Incompleto

Desatualizado

Confuso

Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Autor

As informações utilizadas nesta publicação foram obtidas no Whitebook Clinical Decision.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

- Advertisement -spot_img

ÚLTIMAS NOTÍCIAS