A chegada do verão pode estar associada a um aumento de casos de algumas doenças, como as arboviroses, assim chamadas as doenças que são transmitidas por insetos ou aracnídeos. Dentre essas, destacam-se dengue e chikungunya por seu potencial epidêmico.
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Tanto dengue quanto chikungunya são doenças virais que possuem o Aedes aegypti, um mosquito de hábitos urbanos, como principal vetor. A. albopictus também é um potencial transmissor de ambas as doenças, porém possui hábitos mais silvestres. A proliferação de mosquitos, portanto, pode ser considerada como um fator que aumenta o risco da ocorrência dessas doenças.
Além do vetor, dengue e Chikungunya possuem características comuns, principalmente na sua forma de apresentação, o que torna sua diferenciação clínica difícil. Apresentam-se de forma aguda e os sintomas iniciais de ambas as condições são inespecíficos:
- Febre
- Rash cutâneo
- Mialgia
- Artralgia
- Prurido
- Astenia
- Cefaleia
As duas doenças têm caráter autolimitado e não possuem tratamento específico. Entretanto, podem evoluir com casos graves ou com manifestações atípicas, inclusive em sistema nervoso central. Aqui, vamos focar no vírus CHIKV e suas manifestações.
Chikungunya é causada pelo chikungunya vírus (CHIKV). Clinicamente, destaca-se pela intensa artralgia, que pode ser persistente e mesmo tornar-se crônica. A circulação do CHIIKV está presente em todo o território nacional, com Espírito Santo, Minas Gerais, Sergipe e Bahia concentrando o maior número de casos.
Entre 02/07/2023 e 13/01/2024, forma registrados 26.870 casos prováveis da doença no país, com um coeficiente de incidência de 13,2 casos/100 mil habitantes, o que corresponde a uma diminuição de 41,5% em relação ao período anterior nos anos de 2022/2023. Apesar dessa redução, o número de casos prováveis encontra-se fora dos limites do canal endêmico, o que indica um momento de epidemia. Dezoito óbitos foram registrados, a maioria na Região Nordeste.
Considera-se que o indivíduo entrou em fase crônica da doença se seus sintomas persistirem por mais de meses. Estima-se que em mais de 50% dos casos, há cronificação de artralgia, que pode ser intensa e necessitar de analgesia com anti-inflamatórios, corticoides ou, em alguns casos, drogas antirreumáticas.
Além do potencial para cronicidade, a infecção por CHIKV pode levar ao desenvolvimento de sintomas atípicos, que podem afetar diversos sistemas, tais como sistema nervoso, cardiovascular, cutâneo ou renal.
Sistema/órgão | Manifestações |
Nervoso | Meningoencefalite, encefalopatia, crise convulsiva, síndrome de Guillain-Barré, síndrome cerebelar, paresias, paralisias, neuropatias |
Ocular | Neurite óptica, iridociclite, episclerite, retinite, uveíte |
Cardiovascular | Miocardite, pericardite, insuficiência cardíaca, arritmia, instabilidade hemodinâmica |
Pele | Hiperpigmentação por fotossensibilidade, dermatoses vesiculobolhosas, ulcerações aftosas |
Renal | Nefrite, insuficiência renal aguda |
Outros | Discrasia sanguínea, pneumonia, insuficiência respiratória, hepatite, pancreatite, síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético, insuficiência adrenal |
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Prevenção
O controle do vetor ainda é a principal forma de prevenção e controle de dengue e chikungunya. Nesse sentido, a eliminação de criadouros em domicílio e medidas de proteção para evitar picadas de mosquitos devem ser orientadas aos indivíduos e à população.
Recentemente, o Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) a vacina Qdenga, uma vacina atenuada, tetravalente, contra dengue. Essa vacina está indicada em indivíduos de 4 a 60 anos de idade, com esquema composto por 2 doses, com intervalo de 3 meses entre elas.
Uma vacina brasileira contra a chikungunya está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica Valneva Áustria GmbH.
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Autor
Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro