A arte pode ser feita com qualquer coisa, até lixo. No Oeiras Parque, está agora exposta uma instalação artística feita com redes de pesca recolhidas dos oceanos assim como outros materiais descartados. A obra “A-MAR Faz parte da Linha”, da autoria do artista Filippo Fiumani, tem como objetivo alertar para a proteção dos ecossistemas marinhos e costeiros.
“O processo de criação foi uma dança entre o desconforto e a felicidade. Cada desafio, ao longo do processo, gerou mais criatividade e união na equipa que culminou numa peça”, disse o artista, em exclusivo à AWAY Magazine.
A obra de grandes dimensões que está exposta na fachada tem como foco dois protagonistas da vida marinha, os corais e o fitoplâncton, indicadores de saúde dos oceanos, responsáveis pelo abrigo e alimento de todo o tipo de espécies.
“A ideia de recriar elementos marinhos utilizando lixo surgiu com o intuito de estabelecer uma ligação direta entre a natureza e as nossas ações, destacando a interdependência entre ambos. Queríamos, assim, que a natureza não fosse percebida como algo externo a nós, seres humanos. O que vai no mar não desaparece, mas volta, sim, para nós com consequências piores”, explica Filippo Fiumani.
Assim, os corais e o fitoplâncton ganham forma na obra graças às redes de pesca resgatas do mar pela Sea Shepherd, peças de automóveis, peluches, pranchas de surf, entre outros elementos que já tinham sido descartados. Os únicos materiais comprados foram o néon LED e o ferro que dão a forma e o efeito desejados à peça, refere o artista à AWAY.
A utilização de materiais reaproveitados já não é uma novidade para o artista que não há razão para comprar e consumir quando pode “usar o que está em desuso e a poluir”.
Qual é a mensagem que pretendem fazer chegar às pessoas? Filippo Fiumani explica que, “em conjunto com o Oeiras Parque, quisemos que este projeto impactasse a comunidade, transmitindo uma mensagem subliminar de alerta para a proteção do ambiente, nomeadamente a dos ecossistemas marinhos e costeiros”.
Ainda assim, a mensagem vai mais longe. “É pessoal, cada espectador encontrará as suas próprias sensações e interpretações. A única coisa que procuro é abertura para um diálogo interno, estamos a A-MAR-nos a nós próprios? Porque a natureza faz parte de nós.”
A sustentabilidade não marcou só presença na criação da obra. Fará também parte do seu futuro. Por isso, todos os materiais usados serão entregues à Sea Shepherd que os irá fazer chegar a outras entidades parceiras para que possam ser transformados em outros produtos, como skates, mobiliário e tecidos.
A obra “A-MAR Faz parte da Linha” poderá ser apreciada por todos os visitantes através de um miradouro criado para o efeito, com acesso pelo piso –2 da zona laranja do Oeiras Parque. Vai estar exposta até 13 de outubro.