Crisal moderniza produção de vidro com hidrogénio verde e forno híbrido

A Crisal, produtora portuguesa de vidro de mesa, que funciona na Marinha Grande, assinou um contrato de longo prazo para o fornecimento de gases renováveis, que incluem hidrogénio verde, com a Rega Energy, garantindo a sustentabilidade da sua produção.

Este acordo vai “contribuir para que a LCGlass (grupo internacional onde a Crisal e a sua parceira neerlandesa, Royal Leerdam, estão inseridas) atinja o objetivo de se tornar um dos produtores de vidro de mesa mais sustentáveis da Europa”, através do fornecimento de hidrogénio e oxigénio verdes à Crisal, na Marinha Grande, no distrito de Leiria, referiu a organização, numa nota de imprensa enviada à agência Lusa.

“Ao longo dos anos, a Crisal tem evoluído continuamente para ir ao encontro das necessidades de clientes e mercados em constante mudança”, explicou a empresa, ao referir que está a implementar uma estratégia “fortemente focada na descarbonização, apoiada pela Anders Invest e pelo Programa de Recuperação e Resiliência”.

Em agosto, a empresa, que celebra oito décadas de “inovação e excelência” na indústria do vidro, iniciou a demolição do seu antigo forno regenerativo, que será substituído por um forno oxi-híbrido (combustão com oxigénio).

“Este será não só um passo significativo para aumentar a capacidade de produção e ganhar flexibilidade para atender às necessidades dos clientes, mas também reduzirá o impacto ambiental da atividade da Crisal”.

Assim, está a ser instalado um forno de fusão de vidro de última geração, com um nível de eletrificação até um máximo de 80%, o que reduz significativamente a dependência dos combustíveis fósseis, explicou a Crisal, que adiantou que o restante consumo de gás natural será gradualmente substituído por gases renováveis fornecidos pela Rega Energy.

Ao aumentar o nível de eletrificação e ao introduzir gases renováveis no processo de produção, a empresa garante uma redução significativa da sua pegada carbónica.

O projeto de construção do forno oxi-híbrido decorrerá ao longo de 100 dias, passando pelas etapas de drenagem e demolição do atual forno (já concluídas), e pela construção do forno oxi-híbrido, aquecimento, enchimento e conclusão das obras em dezembro de 2024.

O diretor industrial da Crisal, Carlos Viegas, adiantou, citado na nota de imprensa, que “as diretivas e políticas da União Europeia são bem conhecidas e o objetivo de neutralidade carbónica em 2040 é um desafio para a indústria do vidro, que exige a adoção de novas tecnologias, investimentos substanciais e uma dose elevada de risco”.

“A LCGlass, apoiada pelo seu investidor, Anders Invest, vê este acordo como um primeiro e importante passo para a descarbonização da produção de vidro de mesa. As circunstâncias de apoio do Governo Português e da União Europeia tornam este investimento viável para a Crisal, assim como a parceria com a Rega, com quem estamos entusiasmados em trabalhar neste importante projeto”, acrescentou o CEO da LCGlass, Antoine Jordans, no referido comunicado.

O CEO da Rega Energy, Thomas Carrier, sublinhou que esta parceria contribuirá para a Crisal produzir “de forma mais sustentável, maximizando a eletrificação do seu processo industrial e utilizando o hidrogénio e o oxigénio verdes da Rega Energy no consumo remanescente”.

Em setembro, a Rega Energy anunciou o objetivo de construir uma fábrica de produção de hidrogénio verde no concelho da Marinha Grande, tendo apresentado o Projeto Nazaré Green Hydrogen Valley, que prevê a descarbonização das indústrias consumidoras de gás natural.

A ser instalado na zona industrial Casal da Lebre, o projeto irá contribuir para que as empresas, sobretudo, do setor vidreiro que registam grandes consumos de gás natural, possam vir a substituir este combustível fóssil por hidrogénio verde a ser produzido na Marinha Grande.

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