Coração e pulmões outra vez em uníssono
Estádio da Luz, Lisboa
Coração e pulmões outra vez em uníssono
Estádio da Luz, Lisboa
Bruno Lage assumiu as rédeas de um Benfica fraturado, com pouco rendimento em campo e muitas dúvidas a vir da bancada. Contestação, very-lights atirados para o relvado, e lenços brancos guardados no bolso eram habitués dos jogos caseiros do Benfica, na fase final de Roger Schmidt. Ao quarto jogo de Lage no comando técnico, numa fase muito precoce da temporada, parece que as feridas entre equipa e adeptos começam a ficar saradas.
E que melhor remédio do que vitórias? São duas seguidas em casa e com goleadas atreladas. Bruno Lage tinha dito antes do jogo com o Santa Clara, há 15 dias, que o «coração vai estar nas bancadas e o pulmão em campo». Foi isso que se verificou no Benfica-Gil Vicente, ganho por 5-1, na noite deste sábado – mesmo a sofrer primeiro -, e essa é a grande notícia do jogo. Félix Correia marcou pelo Gil Vicente, Otamendi, Aktürkoglu, Amdouni, Florentino e Rollheiser fizeram os golos do Benfica.
A tarefa que se pedia era bem diferente do jogo anterior com o Bessa. Bruno Lage tem rejeitado falar em ‘mudanças de chip’, mas a verdade que a exigência de defrontar um Boavista fragilizado pela incapacidade de inscrever jogadores é diferente de jogar contra um Gil Vicente com bons elementos (para a Liga portuguesa) e um treinador que pugna pelo futebol positivo.
E os primeiros momentos do jogo ilustraram isso. Sem se esconderem do jogo, os gilistas marcaram na primeira hipótese que tiveram para visar a baliza de Trubin. Com Carreras e Otamendi muito distantes de António Silva e Bah, abriu-se um buraco na linha defensiva do Benfica. Fujimoto, inteligente, viu esse vazio e enviou a bola para a desmarcação de Félix Correia, ao primeiro poste. O extremo formado no Sporting não se fez rogado e atirou a contar.
A Luz gelava por alguns segundos, mas retomou pouco depois o apoio à equipa. A verdade é que, à medida que Bruno Lage vai somando vitórias, os adeptos parecem corresponder com apoio e até uma assinalável ovação ao treinador antes do jogo começar.
Acompanhado dos adeptos, o Benfica ia carregando a defensiva contrária. E conseguiu virar o resultado de uma maneira talvez pouco previsível – com dois golos de cabeça. O primeiro chegou através de um canto batido por Ángel Di María, à direita do ataque. A bola foi direitinha para o colega e amigo Nicolás Otamendi, que subiu bem e cabeceou para dentro da baliza.
Se o empate veio aos 17m, o segundo consumou-se aos 25m. E a sentença, chegou da mesma forma – com uma cabeçada certeira (e oportuna) de Kerem Aktürkoglu. O baixinho nem precisou de saltar no meio dos centrais, que foram traídos por um pequeno desvio no cruzamento de Aursnes. Mais um golo para o extremo turco, que tem vindo a ganhar evidenciar-se.
Ainda assim, o Gil Vicente não baixou os braços e até remeteu o Benfica ao seu meio-campo com uma posse de bola esclarecida. Faltava era capacidade de entrar na área do Benfica. Mesmo assim, Cauê e Félix iam deixando avisos.
O intervalo não trouxe alterações e só arrefeceu o espetáculo. Até à hora de jogo, as chances de golo escassearam e o Benfica parecia perder objetividade na frente. O primeiro momento perigo chegou de forma atabalhoada, com um cruzamento de Tomás Araújo a rasar a linha de golo após um corte.
Mexidas de Bruno Lage interromperam marasmo na segunda parte
Ao deparar-se com esta falta de ideias, Bruno Lage atuou. Lançou de uma assentada Arthur Cabral, Amdouni e Rollheiser. Saíram Pavlidis, Kokçu e Akturkoglu, numa tentativa de refrescar o ataque. A formação tática mudou para um 4-4-2.
Mudam-se os atacantes, mudam-se as vontades. Cabral não demorou muito até lançar uma bola a rasar a barra, mais uma vez de cabeça, e o terceiro golo foi marcado por Zeki Amdouni. Fora da área, utilizou o pé mais fraco para marcar o golo da noite. De pé esquerdo, bateu rasteiro para o poste mais distante e estreou-se a marcar no novo clube.
Ainda houve tempo para um falhanço de Carreras, que fez um remate deficiente de pé direito com a baliza aberta. Para isso, e mais dois golos tardios – Florentino Luís, mais uma vez de canto, aos 90m e Rollheiser, nos descontos, a aproveitar um erro grosseiro de Andrew, que deixou escapar a bola das mãos.
O Benfica tira partido dos lances de bola, algo que estava em falta na fase derradeira de Roger Schmidt ao leme do Benfica. Já diante do Santa Clara, em casa, os homens de Lage tinham feito a diferença dessa forma. Os encarnados somam 16 pontos e sobem ao segundo lugar, a cinco do Sporting. O Gil Vicente fica em 11.º, com sete pontos.
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