Benfica arrisca ser a pior equipa e bater o seu recorde negativo numa Champions de horrores

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Uma das mais pesadas derrotas em Espanha, zero pontos em quatro jogos, eliminado a duas jornadas do fim. Um percurso que evoca pesadelos históricos das águias, a anos-luz da campanha da época passada. Um golpe também nas finanças e ainda com mais problemas à vista

Real Sociedad-Benfica (AP Photo/Alvaro Barrientos)

Uma das mais pesadas derrotas em Espanha, zero pontos em quatro jogos, eliminado a duas jornadas do fim. Um percurso que evoca pesadelos históricos das águias, a anos-luz da campanha da época passada. Um golpe também nas finanças e ainda com mais problemas à vista

É muito mau visto de qualquer ângulo. O Benfica sofreu frente à Real Sociedad uma das mais pesadas derrotas da sua história em Espanha, e podia ter sido pior. Sofreu a quarta derrota em outros tantos jogos na atual edição da Liga dos Campeões e perdeu qualquer hipótese de apuramento para os oitavos, eliminado a duas jornadas do fim. Divide com o Antuérpia o estatuto de pior equipa da competição nesta temporada. E ainda corre o risco de igualar, ou mesmo piorar, o seu próprio recorde negativo, a campanha de 2017/18, que é também a pior de sempre de uma equipa portuguesa.

Aos factos junta-se a forma como a Real Sociedad dominou o Benfica, que foi para o intervalo a perder por 0-3, mas com a noção de que podiam ser outros tantos mais. Um banho de bola que fez o Benfica reviver pesadelos, nomeadamente o da histórica goleada sofrida em casa do Celta Vigo há 24 anos, quando o marcador já registava 4-0 ao intervalo e terminou em 7-0.

O passado do Benfica em Espanha é negativo, com apenas duas vitórias, três empates e agora oito derrotas em 13 jogos, mas antes do confronto desta noite só por mais duas vezes tinha perdido por mais de um golo de diferença – em 1957/58, num 1-3 frente ao Sevilha na primeira ronda da Taça dos Campeões, e em 2005/06, na derrota por 0-2 frente ao Barcelona para os quartos de final da Liga dos Campeões.

O golo de Rafa no início da segunda parte no Anoeta, que fixou o 3-1 final, evitou que o Benfica fizesse pela primeira vez na sua história uma fase de grupos sem marcar qualquer golo, mas não livra as águias de continuarem num senda negativa que só tem paralelo com o que aconteceu há seis anos.

2017/18, o ano dos recordes negativos

Não foi assim há tanto tempo. Em 2017/18, o Benfica então orientado por Rui Vitória chegou ao fim da fase de grupos com seis derrotas, num grupo com Manchester United, Basileia e CSKA Moscovo. Sofreu 14 golos e marcou um, logo na primeira jornada, na derrota por 1-2 na Luz frente ao CSKA, um saldo negativo de 13 golos. Ainda assim pior que o atual, nesta altura em 1-7. 

Esse foi de longe o pior registo de uma equipa portuguesa na Liga dos Campeões, superando uma marca que era do Sporting, com dois pontos somados em 2000/01, cinco golos marcados e 15 sofridos. E entrou também para o top das piores campanhas de sempre em absoluto na competição.

Até hoje, aconteceu por 24 vezes equipas terminarem a fase de grupos sem qualquer ponto somado. Tem sido recorrente, curiosamente, nas últimas temporadas. O Rangers, na época passada, foi a equipa com pior saldo absoluto de golos, 20 negativos, seguido de perto pelo Viktoria Plzen, também em 2022/23. Na época anterior, o Besiktas não andou muito longe disso.

Só houve duas equipas que terminaram a fase de grupos sem qualquer golo marcado. E apenas um clube entra nesta lista duas vezes – o Dínamo Zagreb, que perdeu os seis jogos da fase de grupos em 2011/12 e em 2016/17. O Benfica, o único clube da lista que venceu duas vezes a Taça dos Campeões Europeus, ainda tem dois jogos para tentar evitar tornar-se o segundo repetente no clube dos zero pontos.

As equipas que terminaram a Liga dos Campeões só com derrotas

FC Porto lançado, Sp. Braga complicado e o que resta ao Benfica

Na atual temporada, o Antuérpia faz companhia ao Benfica lá no fundo, igualmente só com derrotas e também já eliminado. Os belgas, que integram o grupo do FC Porto, marcaram até agora três golos, mas sofreram 14, pelo que têm pior saldo de golos do que as águias. 

Em contrapartida, há três equipas que venceram todos os jogos. E são os suspeitos do costume – Bayern Munique, Real Madrid e o campeão em título Manchester City. Já estão apurados para os oitavos de final, tal como o Leipzig e as duas equipas do grupo do Benfica, o Inter e a Real Sociedad. O FC Porto, com nove pontos em igualdade com o líder Barcelona no Grupo H e três de vantagem sobre o Shakhtar Donetsk, mantém uma candidatura forte à qualificação, enquanto o Sp. Braga, com três pontos contra sete do Nápoles e um do Union Berlim, tem o caminho mais complicado, mas continua na luta.

Ao Benfica resta ainda a luta pelo terceiro lugar do grupo e pelo acesso à Liga Europa, que se decidirá com o Salzburgo, nesta altura com três pontos. Para esse objetivo as águias, que recebem o Inter na penúltima jornada e fecham a fase de grupos na Áustria, dependem apenas de si.

Esta é a 18ª presença do Benfica na fase de grupos da Liga dos Campeões. Passou à fase seguinte em sete ocasiões, ficou pelo caminho onze vezes e antes de 2017/18 tinha como pior campanha a época 2014/15, quando foi último no seu grupo, com cinco pontos. Depois disso, somou sete pontos em 2018/19 e 2019/20, que valeram o terceiro lugar. Ficou pela terceira pré-eliminatória na temporada seguinte, mas nas últimas duas épocas elevou a fasquia, atingindo em ambas os quartos de final.

Benfica a anos-luz da época passada

No conjunto dessas duas temporadas fez 28 jogos, da terceira pré-eliminatória até aos quartos, e sofreu um total de quatro derrotas. Tantas como nas primeiras quatro jornadas desta época. Na temporada passada perdeu apenas um jogo, a primeira mão dos quartos de final com o Inter (2-0), antes do empate a três golos em San Siro que representou o fim da caminhada.

A campanha medíocre do Benfica esta época é ainda mais impactante por comparação com a última temporada. Em 2022/23, terminou a fase de grupos com quatro vitórias e dois empates e no primeiro lugar, à frente do PSG. Garantiu o apuramento para os oitavos à quinta jornada, num jogo memorável frente à Juventus. Da equipa que entrou em campo nessa vitória por 4-3 já não moram na Luz quatro jogadores – Vlachodimos, Grimaldo, Enzo Fernández e Gonçalo Ramos.

Mas continua a base da equipa, incluindo os autores dos golos nessa noite – António Silva, João Mário e Rafa. Além do treinador. Mas este é um Benfica a anos-luz dessa equipa intensa e em estado de graça dos primeiros meses de Roger Schmidt, que apesar da quebra na segunda metade da época e de ter perdido Enzo Fernández em janeiro foi campeã nacional e se manteve viva na Liga dos Campeões até abril.

Um golpe também nas finanças e mais um castigo à vista

Agora, a caminhada chega ao fim em novembro, um golpe duro nas aspirações desportivas e também financeiras do clube. No que diz respeito aos prémios de participação atribuídos pela UEFA, o Benfica arrisca-se a ganhar pouco mais de metade dos 72.5 milhões de euros que somou na época passada. Para já, conta apenas os 39.5 milhões que correspondem à combinação do prémio de presença na fase de grupos e do seu coeficiente no ranking da UEFA.

E tem mais problemas à vista, depois de alguns adeptos terem atirado tochas para a bancada dos adeptos da Real Sociedad no Anoeta. Terá consequências, pelo menos uma multa pesada, mas pode não ficar por aí, uma vez que este não é o primeiro incidente. Esta época, o Benfica já foi impedido de levar adeptos a Milão para o jogo com o Inter da primeira jornada por causa do comportamento dos adeptos no jogo com os italianos da temporada passada.


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