O Sporting sofreu a primeira derrota da época, ao perder em casa com a Atalanta por 2-0 na quinta-feira, na 2.ª jornada do Grupo D da Liga Europa. Os leões foram apanhados no segundo posto pelo Sturm Graz que venceu os polacos por Rakom.
A equipa leonina terá de ir até Itália corrigir este resultado no encontro da segunda volta e ganhar vantagem, se quiser apurar-se diretamente para os oitavos de final da prova.
O Jogo: dividiram as partes mas não os pontos
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As três mexidas de Rúben Amorim ao intervalo mostravam o quão descontente estava com a equipa do Sporting, dominada pela Atalanta nos primeiros 45 minutos. Coates, Marcus Edwards e Geny Catamo nos lugares de Paulinho, Nuno Santos e Hjulmand mexeram com a equipa e o Sporting quase evitava a derrota.
Matheus Reis deixou de ser central para passar para a ala esquerda, Edwards veio para dar imprevisibilidade, tal como Geny Catamo, Pedro Gonçalves recuou para organizar o jogo.
O Sporting cresceu, fez uma grande segunda parte, com 13 remates, três deles enquadrados com a baliza. Ao intervalo, os homens de Amorim só tinham feito um remate, para fora, de Nuno Santos.
A Atalanta, que foi para o intervalo com 12 remates, quadro deles enquadrados (dois golos) e com quase 60 por cento de posse de bola, aguentou bem o crescimento leonino.
Coates liderou melhor a defesa, Catamo e Edwards colocaram problemas diferentes aos defensores italianos.
O golo de penálti de Gyokeres aos 76 minutos, deixou o Sporting com 15 minutos para tentar o empate, mas a formação de Bérgamo já estava a defender com mais gente atrás e a fechar ainda mais os espaços. Apenas um remate (e à baliza) da Atalanta no segundo tempo mostra bem o que foi o jogo: duas equipas com duas caras, cada uma a dominar por completo uma das partes do jogo. Sorriu a Atalanta que ficou com os três pontos.
O primeiro tempo foi um banho tático de Gian Piero Gasperini a Rúben Amorim. A mobilidade dos da frente – Ademola Lookman, Teun Koopmeiners e Charles De Ketelaere – e a subida dos laterais Ruggeri e Zappacosta deixavam o Sporting em apuros porque a equipa leonina não tinha referências de marcação. Os italianos dominavam, tinha mais bola, criavam e atacavam melhor os espaços.
O Sporting corria atrás e quando conseguia sair a jogar, tentava quase sempre o jogo direto em Gyokeres e Paulinho, engolidos por Sead Kolasinac, Berat Djimsiti e Giorgio Scalvini, os centrais da Atalanta.
Na defesa, a Atalanta defendia quase que homem-a-homem. O risco era enorme, perante jogadores como Gyokeres, mas compensou, porque o trio da frente do Sporting – Pedro Gonçalves, Gyokeres e Paulinho – não foi visto na área dos italianos no primeiro tempo.
Morita e Hjulmand eram facilmente batidos pelos médios De Rooen e Ederson porque havia sempre um elemento da Atalanta a dar linha de passe. As acelerações de Lookman, principalmente na direita, fletindo muitas vezes para o meio, foram uma constante dor de cabeça e foram também responsáveis pelos dois golos da equipa.
Rúben Amorim disse que não preciso fazer drama com esta derrota mas não é bem assim. Os primeiros 45 minutos do Sporting têm de preocupar qualquer adepto leonino.
Primeira derrota do Sporting esta época, ao cabo de nove jogo. Os leões não eram batidos há 16 partidas oficiais: a última derrota foi em abril na Liga Europa contra a Juventus. Mas, em provas europeias, há um dado preocupante: o Sporting não ganha em casa na UEFA há seis partidas e nas últimas oito, só venceu uma vez em Alvalade.
Momento-chave: Ruggeri mata à beira do intervalo
O Sporting passava um mau bocado e tinha visto os italianos ganharem vantagem aos 33 minutos. Era importante travar o crescimento da equipa de Bérgamo e evitar um segundo golo antes do intervalo, mas Ruggeri tinha outras ideias: subiu pelo corredor, combinou com Lookman, recebeu e disparou, Adán não segurou e foi lá confirmar o 2-0, aos 43 minutos. O Sporting ficava com uma montanha inteira por escalar no segundo tempo.
Os Melhores: A velocidade de Lookman e a calma de Inácio
Cedo deu para ver onde que o Sporting ia ter problemas para travar Lookman no lado direito da defesa. O nigeriano saiu para o corredor contrário para combinar com Zappacosta para o 1-0, de Scalvini. Esteve bem a combinar com Ruggeri e a lançar o ala no espaço entre Diomandé e Fresneda para este bater Adán no 2-0. Foi dos seus pés que saíram os lances de maior perigo da Atalanta, principalmente no primeiro tempo.
Do Sporting salvou-se Gonçalo Inácio, com uma exibição sólida na defesa, com três intercepções, 10 recuperações de bola, dois bloqueios de remates e 93% de eficácia de passe, segundo dados do GoalPoint. O central português melhorou muito no segundo tempo, com a entrada de Coates.
Em tarde ‘não’: Ninguém prevê o futuro, mas…
Disse Rúben Amorim na zona de entrevistas rápidas que se calhar devia ter feito ao contrário no onze, ou seja, entrar com um ataque mais móvel, com jogadores mais atrevidos na frente, capazes de segurar a bola e ajudar a equipa a respirar. Foi isso que a equipa passou a ter com Geny Catamo e Marcus Edwards. O técnico podia ter mexido ainda no primeiro tempo, principalmente depois do 1-0, já que estava à vista que o Sporting não iria travar a Atalanta a jogar como estava.
Reações: Se Amorim tivesse uma bola de cristal…
Treinador da Atalanta fala em “cinismo” que poderia ter matado o jogo