Foi num Estádio do Dragão estranhamente despido de adeptos que o FC Porto regressou a casa após uma paragem de duas semanas para os compromissos das seleções. Numa noite fria após a contrastante semana escaldante no universo azul e branco, pairava sobre o Dragão um ponto de interrogação: Será que o clima conturbado fora dos relvados tinha atingido a equipa? A resposta é não. É um facto que o Montalegre não tem as mesmas armas, mas não é menos verdade que a revolução no onze lançada por Sérgio Conceição deixava dúvidas sobre que versão portista ia subir ao relvado. Arriscou, confiou, e as chamadas segundas linhas – expressão que não costuma agradar ao técnico portista – disseram presente e sem nunca faltar compromisso. Que o diga João Mendes e Zé Pedro, jovens jogadores da equipa B, que assumiram a responsabilidade ao lado de Grujic, André Franco, Romário Baró e Danny Namaso – todos eles com poucos minutos esta época.
Os pesos pesados começaram no banco, pode dizer-se, de luxo: Diogo Costa, Taremi, Pepê, Nico, Alan Varela, Fran Navarro e Gonçalo Borges são apenas alguns exemplos. E sem nunca faltar seriedade, antes pelo contrário, ninguém se esqueceu de que na próxima quarta-feira se joga na Catalunha a derradeira possibilidade de apuramento para os “oitavos” na Liga dos Campeões. A começar pelo treinador portista.
A equipa transmontana, a quem não faltou apoio nas bancadas com cerca de 2000 adeptos, até entrou atrevida. Em apenas três minutos, por sinal os primeiros da partida, a equipa barrosã soube aproveitar duas perdas de bola em zonas proibidas, uma delas logo aos dois minutos por intermédio de Romário Baró.
A resposta ao ímpeto do emblema montalegrense, que apesar de não marcar soube beneficiar de algum adormecimento inicial do FC Porto, não tardou a chegar. O remate forte, mas desenquadrado, do “sonolento” João Mário, passou perto da baliza de Bruno Pio. Era o primeiro aviso dos dragões para o golo que viria acontecer dez minutos depois.
Aos 12 minutos, Grujic recuperou a bola no meio-campo, André Franco deu para Galeno e o extremo assistiu Danny Namaso, que apareceu nas costas da defesa contrária e, já em queda, finalizou no frente a frente com o guardião dos transmontanos. Galvanizado, o dragão voltou a soprar a chama cinco minutos depois e novamente com o avançado inglês em destaque. Danny Namaso antecipou-se a Fábio Fonseca em zona central e tocou de primeira para Evanilson. O brasileiro tirou um adversário do caminho antes de atirar de pé esquerdo para o 2-0.
Os dois remates certeiros nos primeiros 20 minutos faziam prever uma autêntica enxurrada de golos, mas à semelhança dos últimos jogos o dragão perdulário só voltou a celebrar já perto do intervalo e pelo suspeito do costume. Uma arrancada de Galeno pela esquerda colocou-o na cara do golo, mas o sentido altruísta falou mais alto e Evanilson, de baliza escancarada, só teve de encostar para o terceiro da noite, que aos 45 minutos já estava sentenciada.
Talvez com o pensamento na Champions, a segunda parte trouxe apenas um golo e com uma estreia a marcar de azul e branco. Fran Navarro, lançado aos 58 minutos para o lugar do homem da noite, Evanilson, apontou o quarto golo após quatro minutos em campo. Daí em diante, a partida com o Barcelona dentro de cinco dias (definitivamente) falou mais alto e o dragão entrou em modo gestão, já com Nico González e Gonçalo Borges em campo.
O momento
O primeiro golo da noite. Foi Namaso a descobrir o norte de um jogo que pedia uma resolução rápida para projetar tranquilamente o duelo europeu a meio da semana. Assim aconteceu, com um golo importante que apesar de tudo ajudou a serenar os ânimos de uma semana agitada.
O melhor
Evanilson. Pelos dois golos apontados e pela forma voraz como dividiu cada lance. Esta época o avançado de 24 anos soma 11 jogos com 9 golos apontados, 3 deles na Taça de Portugal. Destaque merecido para Bruno Pio, guarda-redes do Montalegre, que evitou mal maiores com um par de boas intervenções.
O pior
Na impossibilidade de encontrar uma exibição realmente má, nota para uma perda de bola de Romário Baró em zona proibida logo a abrir o jogo. O lapso não é inédito e, apesar do jogo eficiente, Baró pode e deve corrigir determinados aspetos do jogo que podem comprometer, e muito, o sucesso da equipa. Agora foi com o Montalegre, na quarta será com o Barcelona. E os erros, já se sabe, não se pagam da mesma forma.
Reações
Namaso e Navarro felizes pelos golos após um “jogo entretido”, diz Sérgio Conceição.
Guarda-redes Bruno Pio “orgulhoso”, Tony da Silva elogia a coragem da sua equipa.