Nunes herda votos de Marçal em presídio militar de São Paulo

O prefeito reeleito de São Paulo teve um aumento de 121,47% dos votos totais do 1º para o 2º turno; ainda assim, Boulos venceu em quase todas as seções eleitorais para presidiários

Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foi reeleito com 59,35% dos votos válidos; Boulos, mesmo derrotado, teve 72% dos votos válidos no 2º turno

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Reprodução/Facebook – Ricardo Nunes – 17.ou.2024




Julianna Valença

O prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), herdou no 2º turno os votos do ex-candidato Pablo Marçal (PRTB) no presídio da Polícia Militar da capital. No domingo (27.out.2024), o emedebista foi o mais votado na unidade, com 32 votos.

No 1º turno, Nunes havia somado 14 votos entre os militares detidos, enquanto Marçal foi o mais votado, com 25 votos. Boulos ficou empatado com Tabata Amaral (PSB), ambos com 2 votos.

Ainda assim, este foi o único presídio em que Nunes ficou à frente de Guilherme Boulos (Psol), com quem disputou o 2º turno. Nos demais 5 centros de detenção e 8 unidades socioeducativas, o psolista foi o preferido, somando um total de 368 votos no 2º turno. O prefeito apareceu em segundo lugar, com 102 votos.

Em relação aos votos gerais do 1º turno, Boulos havia somado 234, conquistando um aumento de 57,26% nas preferências. Já Nunes tinha 46 votos, um aumento de 121,47%.

Na unidade socioeducativa de Itaquera, o eleitorado ficou dividido. No 1º turno, a preferência estava com a ex-candidata Tabata, que obteve 16 votos, seguida de Boulos com 8, Marçal com 4 e Nunes sem votos.

No domingo do 2º turno, o candidato do Psol somou 15 votos, enquanto o prefeito reeleito obteve 11, portanto os votos de Tabata foram divididos no 2º turno.

No centro socioeducativo Nova Vida, a maioria do eleitorado do ex-candidato do PRTB migrou para Boulos. O candidato do Psol passou de 15 para 31 votos, enquanto Nunes foi de 0 para 4.

O levantamento foi realizado pelo Poder360, com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

FREITAS E PCC

No dia da eleição, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que o Estado estava investigando possível orientação da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para que os presidiários votassem em Boulos.

“A gente vem alertando isso há muito tempo. Nós fizemos um trabalho de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas”, disse, antes do resultado mostrar que Nunes, candidato apoiado por ele, venceu a eleição.

Boulos acionou a Justiça Eleitoral contra Nunes e Freitas, após o governador dizer, sem apresentar provas, que integrantes do PCC orientaram familiares e apoiadores a votarem no psolista. 

Segundo o documento apresentado à Justiça, a fala de Tarcísio, como governador do Estado, no dia da eleição, durante o horário de votação, “configura evidente abuso de poder político, além do uso indevido dos meios de comunicação”. Eis a íntegra (PDF – 585 kB).

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