Apoiadores do ex-presidente bloqueiam rodovias pelo país há 18 dias; distribuição de bens e mercadorias é afetada
O presidente da Bolívia, Luis Arce (MAS, esquerda), pediu na 4ª feira (30.out.2024) o fim imediato dos protestos de apoiadores do ex-presidente Evo Morales (MAS, esquerda). Segundo Arce, os bloqueios de rodovias realizados há 18 dias já custaram pelo menos US$ 1,7 bilhão ao país.
A distribuição de bens e mercadorias à população está sendo afetada, com o aumento de preços e a falta de alimentos. Para reverter a situação, autoridades bolivianas enviaram por avião mais de 800 toneladas de alimentos para as regiões prejudicadas pela escassez de comida.
As manifestações têm provocado conflitos entre policiais e manifestantes, resultando em 70 feridos. Desses, 61 eram policiais e 9, civis. Segundo o presidente, as autoridades foram alvejadas com armas de fogo e dinamites.
Os manifestantes, em sua maioria produtores rurais, exigem a renúncia de Arce para que ele tome ações efetivas do governo contra o aumento de preços de produtos e combustíveis.
DISPUTA ENTRE MORALES E ARCE
Morales é, atualmente, líder da oposição ao atual governo de Arce. Antes, eram aliados. O presidente e o ex representam duas diferentes vertentes do mesmo partido, o Movimento ao Socialismo.
Em agosto, Arce enviou uma proposta ao STE (Supremo Tribunal Eleitoral) boliviano sugerindo que a população vote uma mudança na Constituição para vetar a volta de Evo Morales ao poder. Isso intensificou a divisão no partido.
A legislação atual não limita o número de mandatos que um político pode fazer. Se a medida for para frente, Evo poderá ficar fora das eleições presidenciais marcadas para 2025.
A tentativa de golpe sofrida pelo presidente, em junho, contribui para as tensões. O ex-presidente disse que se tratou de um autogolpe para melhorar a imagem do atual chefe de Estado da Bolívia. Arce nega.
Questionado sobre uma possível reaproximação, o Evo Morales rejeita a possibilidade e diz que o atual líder boliviano “adotou a receita” do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional) de “reduzir o Estado”.