Terapias medicamentosas em casos de dengue: pontos de atenção!

Segundo projeções do Ministério da Saúde, o Brasil deve registrar 149% mais casos de dengue em 2024 que o contabilizado no pior ano da série histórica até então. A infecção pelo vírus dengue (DENV) pode causar um amplo espectro clínico e cursar com quadros leves, até quadros graves, com choque e óbito. 

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Paciente internado com dengue recebendo medicação

Antitérmicos 

De uma forma geral, a primeira manifestação é a febre, que tem duração de 2 a 7 dias, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto, associada a cefaleia, adinamia, mialgia e artralgia. O paciente também pode apresentar náusea, inapetência, vômito e diarreia. O exantema pode acontecer em até metade dos pacientes, é predominantemente maculopapular, pode ser pruriginoso e, em geral, surge na defervescência.   

Anti-inflamatórios e corticoides 

Após a fase febril (entre três e sete dias do início da doença), grande parte dos pacientes se recupera progressivamente. Porém, é nesse momento que os sinais de alarme podem aparecer. Eles resultam do aumento da permeabilidade vascular, o que marca o início de uma evolução desfavorável que pode evoluir para o choque.  

Não existe tratamento específico contra o DENV até o momento. Assim, a hidratação adequada e o controle dos sintomas são os pilares do tratamento atual.

É fundamental também atenção para não prescrever medicações visando o controle de sintomas, mas que podem fazer com que o paciente evolua de forma desfavorável pela interferência na cascata de coagulação. São eles os salicilatos, anti-inflamatórios não esteroidais e corticoides. Apesar de um estudo ter demonstrado que uma dose única de metilprednisolona seria eficaz no tratamento da dengue, a OMS e o CDC não recomendam o uso dessa medicação.   

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Antiagregantes plaquetários e anticoagulantes 

Em algumas situações, como angioplastia coronariana, fibrilação atrial aguda, uso de prótese cardíaca metálica, a despeito da trombocitopenia, o risco de complicações trombóticas pode ser maior que o de sangramento.

Nesses casos, a manutenção ou início de antiagregantes plaquetários, salicilatos e anticoagulantes deve ser avaliada levando-se em consideração o risco de trombose, a plaquetometria do paciente e a possibilidade de observação do paciente em leito hospitalar.  

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Autor

Médica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Mestrado em Pesquisa Clínica pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Infectologista pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense

Referências bibliográficas:
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  • Bandara, S.M. Rathnasiri, and H.M.M.T.B. Herath. “Effectiveness of Corticosteroid in the Treatment of Dengue – a Systemic Review.” Heliyon, vol. 4, no. 9, Sept. 2018, p. e00816, DOI: 10.1016/j.heliyon.2018.e00816. 

  • Dengue : diagnóstico e manejo clínico : adulto e criança [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento de Doenças Transmissíveis. – 6. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2024.
  •  

  • Muhammad Bilal Khan, et al. “Dengue Overview: An Updated Systemic Review.”
  • Journal of Infection and Public Health, 1 Aug. 2023, DOI: 10.1016/j.jiph.2023.08.001. 

     

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