Você sabe quais as maiores recomendações da OMS para tratamento da lombalgia?

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a lombalgia, dor localizada na região lombar (entre o final do gradil costal e a região das nádegas), é a maior causa isolada de incapacidade física na população mundial. Ela pode surgir após algum trauma, movimento ou procedimento, sendo frequentemente associada à incapacidade laborativa do indivíduo.

A estimativa é que os casos de lombalgia atinjam 843 milhões de pacientes até o ano de 2050, podendo afetar qualquer faixa etária, sendo mais comum na faixa entre 50 e 55 anos, e com predominância no sexo feminino.   

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mulher sentada com com lombalgia e as mãos sobre as costas

Há uma causa específica? 

Dados demonstram que todas as pessoas irão apresentar pelo menos um episódio de lombalgia durante a sua vida, sendo que 90% dos casos de lombalgia não possuem uma causa específica, o que torna o acompanhamento e o tratamento bastante desafiador para o profissional. A OMS sugere que a dor lombar seja considerada um problema de saúde global necessitando de ações específicas e contundentes. 

A lombalgia pode ser aguda, subaguda ou crônica e afeta não só a capacidade física do indivíduo como também a saúde mental e social dele; podendo ser tão limitante em alguns casos que o paciente fica incapaz de realizar tarefas simples do dia a dia, comprometendo a deambulação. 

Em relação ao tipo, pode ser considerada específica, quando consegue-se localizar a estrutura que causa o quadro álgico, ou inespecífica, quando a causa não é identificada. Porém, ambos os tipos devem ser tratados com reabilitação para que os pacientes possam retornar às atividades diárias de forma satisfatória.  

Sinais e sintomas da lombalgia

A lombalgia pode ser definida como uma dor constante, incomodativa ou pode se apresentar como fisgadas ou choques podendo irradiar para membros inferiores. Pode promover a restrição de movimentos, afetando o trabalho, a vida escolar, o sono, o humor e aumentando o estresse do paciente. 

Em alguns casos de dor aguda, que tem duração de menos de seis semanas, os sintomas regridem de forma espontânea e o paciente passa a viver a vida normal, porém a grande maioria dos casos pode evoluir para forma crônica ou subaguda, perdurando por mais de seis semanas de duração. 

Pode também vir acompanhada de sintomas radiculares como dor ciática, o que sugere o acometimento das raízes nervosas ou compressão medular como uma hérnia de disco.  

A OMS lançou, em dezembro de 2023, uma diretriz para o tratamento da lombalgia em locais de cuidados primários e comunitários, enumerando os procedimentos que os profissionais de saúde devem ou não devem utilizar. 

Essa diretriz possui como peça-chave o tratamento da lombalgia baseado em uma esfera holística, individualizada, sem estigmas e preconceitos, ausente de qualquer discriminação, de forma integrada e coordenada. O tratamento deve ser voltado para o conjunto de fatores físicos, psicológicos e social que acabam por influenciar diretamente a vida do paciente. 

O tratamento da lombalgia é multidisciplinar, além de envolver diversos profissionais como médicos, enfermagem, fisioterapeutas, terapias alternativas, também envolve o tratamento medicamentoso com o uso de diversas classes de drogas de forma isolada ou conjunta, dependendo do quadro clínico e a resposta do paciente.  

Medicamentos ou terapias? 

O tratamento medicamentoso é normalmente seguido pela ESCADA ANALGÉSICA, onde as etapas devem ser realizadas da forma correta. Como tratamento não específico podemos citar: 

  • Fisioterapia com o objetivo de aumentar a força muscular e a habilidade de movimentação; 
  • Apoio psicológico e social para que o paciente lide melhor com a condição incapacitante; 
  • Redução da carga de trabalho; 
  • Mudança de hábitos como melhora da qualidade do sono, melhora na alimentação e prática de exercícios físicos.  

Procedimentos não recomendados pela OMS 

A diretriz atual da OMS não recomenda cerca de 14 intervenções utilizadas para tratamento da dor lombar, ou seja, não devem ser oferecidas de forma rotineira. Entre elas podemos citar: 

  • Uso de aparelhos lombares como cintas e suportes; 
  • Terapias físicas com tração; 
  • Medicamentos analgésicos como opioides devem ser utilizados como última opção e nunca de forma rotineira; 
  • Medicamentos como antidepressivos tricíclicos principalmente os inibidores da recaptação de serotonina também devem ser evitados; 
  • Perda de peso com o uso de medicações; 
  • Ultrassom terapêutico; 
  • Estimulação elétrica percutânea; 
  • Terapias sem evidências científicas.  

Procedimentos citados pela OMS 

Dentre as práticas recomendadas pela OMS podemos citar: 

  • Programas educativos promotores de autocuidados; 
  • Acupuntura; 
  • Outros métodos de tratamento com agulhas; 
  • Exercícios físicos; 
  • Terapia espinhal; 
  • Massagem; 
  • Terapia cognitivo comportamental; 
  • Terapia medicamentosa com anti-inflamatórios não esteroidais.  

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Considerações finais 

Dentro dessa normativa atual lançada pela OMS, ainda se encontram desaconselháveis terapias e procedimentos que não possuem embasamento científico comprovado, como práticas mentais de redução do estresse como meditação, e também uso de medicações como paracetamol, benzodiazepínicos e derivados da cannabis.  

Apenas um único recurso terapêutico foi considerado eficaz e bastante aconselhável pela instituição no momento da crise álgica: o uso de dispositivos facilitadores à deambulação do paciente, como bengalas, andadores, muletas e barras de suporte. 

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Autor

Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.

Referências bibliográficas:
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  • GBD 2021 Low Back Pain Collaborators. Global, regional, and national burden of low back pain, 1990-2020, its attributable risk factors, and projections to 2050: a systematic analysis of the Global Burden of Disease Study 2021. Lancet Rheumatol 2023: 5: e316-29.

  • [Internet] WHO. WHO guideline for non-surgical management of chronic primary low back pain in adults in primary and community care settings. Dez 2023.
  • [Internet] WHO. Package of Interventions for Rehabilitation. Dez 2023.

     

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