A dor lombar é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a principal causa de incapacidade física no mundo, acometendo 1 a cada 13 pessoas (cerca de 570 milhões de pacientes no mundo) e sua incidência vem aumentando consideravelmente durante as décadas, com uma estimativa de acometimento de 843 milhões de pessoas até o ano de 2050. Cerca de 39% das pessoas adultas irão desenvolver um tipo de dor lombar durante a sua vida.
A dor lombar, ou lombalgia pode ser uma condição aguda, quando tem uma duração inferior a seis semanas ou considerada crônica, quando sua duração se estende por mais de seis semanas. O tratamento é multimodal e relativamente complicado principalmente nos casos crônicos e a OMS lançou recentemente, um manual de orientações que ajudam a diferenciar os tratamentos que funcionam e os que não funcionam em cada caso.
Reconhecer o curso clínico da dor lombar é essencial para recomendações de tratamento e estratificação de cada paciente. Esse estudo de revisão visou a análise de casos a fim de obter um melhor entendimento do curso clínico da dor lombar nos casos agudos, subagudos e crônicos.
Métodos
O estudo analisou o banco de dados Embase, MEDLINE e CINAHL de 95 estudos (60 de revisões sistemáticas e 47 de estudos de corte) no período de 2011 até janeiro de 2023, utilizando estratégias de pesquisas anteriores. Foram incluídos estudos com pacientes com dor lombar aguda, determinada por dor lombar constante, inespecífica, pelo período inferior a 6 semanas, subaguda pelo período de 6 a 12 semanas e persistente pelo período de 12 a 52 semanas.
As análises primárias incluíram dor e incapacidade física em uma escala de zero a cem. Foram utilizadas ferramentas específicas para que os vieses e conclusões tendenciosas fossem minimizados. O tempo de estudo foi dividido em duas partes: tempo desde o começo do estudo e tempo que a dor lombar começou a se instalar.
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Resultados
Para casos de dor aguda, o score foi de 56 no início do quadro indo para 26 no período de 6 semanas, 22 para 26 semanas e 21 para 52 semanas. Para casos de dor subaguda, o score foi de 63,29,29 e 31 respectivamente. Para os casos de dor crônica e persistente os scores variavam de 56 no início do quadro, 48 em 6 semanas, 43 em 26 semanas e 40 em 52 semanas. O curso clínico em relação a incapacidade física demonstrou-se um pouco mais favorável em comparação com o curso clínico do quadro álgico.
Entre pacientes com dor aguda, houve uma diminuição de 35 pontos (na escala de 0-100) no período de 52 semanas, já os pacientes com dor persistente, apresentaram uma diminuição menor durante esse período.
Os pacientes com dor lombar aguda e subaguda obtiveram uma melhora substancial nos níveis de dor e incapacidade física nas primeiras 6 semanas, ao contrário dos pacientes com dor crônica que obtiveram níveis elevados de dor clínica e incapacidade física com melhora mínima com o passar do tempo.
Conclusão
A literatura atual mostra que o curso clínico da dor lombar com episódio único é mais favorável à cura, porém há grande evidências de casos recorrentes cada vez em maior número, sendo que 69% dos pacientes irão apresentar recorrência do quando dentro de 12 meses após o primeiro episódio. Além disso, há estudos que demonstram que pacientes com quadro de dor aguda podem evoluir para incapacidades persistentes.
Em análises anteriores concluiu-se que pacientes com dor aguda ou dor persistente normalmente apresentam um bom desfecho com melhora considerável dentro de 6 semanas após tratamento adequado. Porém, os casos de dor subaguda, já demonstraram uma trajetória diferente.
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De uma forma geral, pacientes com quadro de dor lombar de curso inferior a 12 semanas apresentam uma grande probabilidade de evoluírem para cura com o passar do tempo, e pacientes com dor lombar que cursa acima de 12 semanas, já apresentam uma dificuldade em responder de forma adequada ao tratamento.
Uma conclusão importante e positiva do estudo de revisão foi a necessidade da identificação e maiores cuidados com pacientes que apresentam dor lombar subaguda e que estão apresentando uma recuperação lenta, esses em específico, precisam ser o foco mais centrado de tratamento para que se evite a transição do quadro subagudo para o quadro crônico e persistente de dor lombar, tornando o tratamento mais difícil e desafiador.
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Autor
Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.
- Wallwork SB, et al. The clinical course of acute, subacute, and persistent low back pain: a systematic review and meta-analysis. CMAJ January. 2024; 196(2):E29-E46. DOI: 10.1503/cmaj.230542