Estudo observacional de base populacional publicado no International Journal of Gynecology and Obstetrics recentemente, teve como objetivo avaliar as alterações de peso e Índice de Massa Corporal (IMC) entre duas gestações consecutivas entre mães, cujo primogênito apresentou evento perinatal adverso maior.
A gravidez é um momento caracterizado pelo ganho de peso, que muitas vezes é seguido por uma retenção de peso modesta. Entre as mulheres que engravidam novamente, entre 41% e 73% o fazem com peso maior do que antes da gravidez anterior, com ganho médio de 3,5 kg. O nascimento de uma criança doente ou a morte de um recém-nascido pode afetar profundamente o bem-estar de uma mãe e essa retenção de peso.
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Mães de crianças doentes são propensas a alto estresse mental crônico e insônia, cada um dos quais é um fator de risco para autonegligência e maior peso. Dados preliminares do registro dinamarquês relataram um ganho de peso intergestacional 0,26 kg (intervalo de confiança [IC] de 95%: 0,10 a 0,42) maior em mulheres que deram à luz um bebê com anomalia congênita do que em mulheres com um bebê não afetado.
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Metodologia
Trata-se de um estudo de coorte que incluiu todas as mulheres primigestas (15-49 anos) em seu primeiro parto hospitalar de nascido vivo/natimorto único em Ontário, e que também tiveram um segundo parto hospitalar, cada um ocorrendo entre 1º de abril de 2007 e 31 de março de 2018.
As variáveis de exposição estudadas como fatores de associação foram: morte perinatal, prematuridade, morbidade neonatal grave dentro de 27 dias de vida, anomalia congênita maior e comprometimento neurológico grave. Todas essas foram definidas como eventos perinatais adversos.
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O desfecho primário do estudo foi a diferença de peso intergestacional (em kg) – a diferença no peso materno pré-gestacional registrado no início da segunda gravidez menos aquele no início da primeira gravidez. O desfecho secundário foi a mudança para qualquer categoria de IMC mais alta entre as gestações.
Principais achados
Um total de 192.974 mães tiveram dois partos hospitalares consecutivos em Ontário durante o período do estudo, dos quais 192.154 foram analisadas após exclusões do estudo. Das 192.154 mães do estudo, 1432 (0,7%) apresentaram morte perinatal no primogênito, 11.659 (6,1%) prematuridade, 1.385 (0,7%) morbidade grave, 2.324 (1,2%) anomalia congênita maior e 1.883 (1,0%) comprometimento neurológico grave.
Com base nos dados, no início da segunda gestação, uma mãe cuja primeira gestação resultou em morte perinatal apresentou ganho de peso de 3,5 kg (IC 95%: 2,1–4,9) maior do que uma mulher com primeira gestação não afetada. Achados semelhantes foram observados para a prematuridade, particularmente para as mulheres cujo primeiro filho nasceu com menos de 32 semanas de gestação (diferença média ajustada de 3,2 kg, IC 95%: 1,9–4,6).
As mães cujos bebês tinham morbidade grave também ganharam mais peso do que aquelas sem (diferença média ajustada de 1,2 kg, IC 95%: 0,3–2,1). Não foram observadas diferenças significativas no ganho de peso nas mulheres cujo primogênito apresentava anomalia congênita importante ou comprometimento neurológico grave.
Discussão sobre o impacto do peso intergestacional
Maior ganho de peso intergestacional e maiores chances de uma mulher passar para uma categoria de IMC mais alta no início de sua próxima gravidez foram observados em mães cuja primeira gravidez foi afetada por um evento perinatal adverso importante. Esses resultados chamam a atenção para a necessidade de ter um olhar para alterações metabólicas como o ganho de peso que podem resultar de um período de luto ou adversidade materna.
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Autor
Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).
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