CFM aplica questionário sobre obrigatoriedade da vacina da covid-19 em crianças

No início de janeiro, o Conselho Federal de Medicina lançou um questionário em seu site com o objetivo declarado de “conhecer a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação contra covid-19 em crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses”. A vacina contra a covid-19 para essa faixa etária, desde o dia 1º de janeiro de 2024, faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. 

As perguntas do questionário buscam entender se o profissional já havia atendido crianças com idades entre seis meses e quatro anos e, com 11 meses, de vida, nos casos de diagnóstico da covid-19 ou com complicações decorrentes da mesma. Também abordam o tópico da obrigatoriedade das vacinas contra covid-19 nessa faixa etária e se os responsáveis tinham o direito de não querer a imunização das crianças. 

Leia também: Vacina de covid-19 entra no Calendário Nacional de Vacinação de crianças em 2024 

CFM aplica questionário sobre obrigatoriedade da vacina da covid-19 em crianças

Reação de sociedades médicas 

A ação do CFM gerou críticas por parte de outras entidades médicas. Em nota conjunta a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) declararam apoio às decisões do Programa Nacional de Imunizações (PNI), cujos membros são responsáveis pelas decisões de incorporação de vacinas no calendário do SUS.  

“É nosso entendimento que uma pesquisa com estas características possibilita interpretações equivocadas, e sem perspectivas de fornecer conclusões baseadas em evidências científicas, não sendo, portanto, um instrumento de utilidade ao Conselho no que diz respeito a posicionamentos e tomadas de decisões. A discussão sobre a obrigatoriedade da vacinação não pode se misturar com as recomendações e evidências científicas do benefício da vacinação”, declararam em nota as duas entidades. 

Impacto da covid-19 em crianças 

A SBI e SBP lembraram ainda, em nota, que de acordo com os últimos boletins epidemiológicos com dados sobre hospitalização por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19, que idosos e crianças são as principais vítimas. Os dados apontam que só em 2023, 5006 internações e 135 mortes de crianças menores de cinco anos de idade se deram em decorrência da covid-19, sendo metade desse número, sem quaisquer fatores de risco. 

Saiba mais: Ministério da Saúde pede reforço ao enfrentamento de sublinhagens de covid-19 

Outras reações 

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também emitiu uma nota alertando que “a pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) não trará nenhum benefício à sociedade, uma vez que — ao equiparar crenças pessoais à ciência — pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação”. 

Outra instituição, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) também se declarou contra a pesquisa do CFM afirmando que “ciência não é matéria de opinião. Protocolos de prevenção e de tratamento de doenças são desenvolvidos a partir de pesquisas, do laboratório aos seres humanos.” 

Resposta do Conselho Federal de Medicina 

Em resposta as reações geradas pela sua pesquisa, o CFM emitiu nota publicada pelo portal G1. Nela, o conselho afirma que a pesquisa não é uma contestação do conselho sobre a eficácia ou a decisão de se disponibilizar a vacina contra a covid-19 para crianças, e que “a pesquisa visa unicamente conhecer a percepção do médico brasileiro sobre a obrigação imposta aos pais para que as crianças de seis meses a quatro anos e 11 meses sejam vacinadas, independentemente de prescrição médica da vacina contra covid-19”. 

A nota pode ser lida na íntegra através deste link. 

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Jornalista formado pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) em 2009, com extensão em Produção Editorial (UNESP) e Planejamento Digital (M2BR Academy).

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