A sensibilidade da córnea muda com a idade?

A sensibilidade da córnea é um indicador da saúde da córnea e a sua avaliação tem um papel determinante no exame clínico neuroftalmológico. Os nervos da córnea e as células epiteliais da córnea apoiam-se troficamente através da secreção de algumas substâncias. A hipoestesia tem um efeito adverso na córnea e pode resultar em condições neurotróficas, redução da taxa de piscar, atividades mitóticas e de cicatrização de feridas prejudicadas do epitélio, defeito epitelial, edema da córnea e ceratite. Pode ocorrer em algumas condições fisiológicas e patológicas.  

As condições fisiológicas consistem em ciclo menstrual, gravidez e fechamento defeituoso da pálpebra. As condições patológicas consistem em diabetes, miastenia gravis, hanseníase, inflamação crônica, infecção, distrofias da córnea, persistência de olho seco, ceratocone e tracoma. O envelhecimento tem sido cotado como um fator que pode contribuir para a piora da sensibilidade. 

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A sensibilidade da córnea muda com a idade?

A sensibilidade da córnea muda com a idade?

Métodos 

Um estudo de coorte transversal prospectivo publicado na revista Cornea em outubro deste ano teve como objetivo testar clinicamente se a sensação da córnea diminui com a idade, com base no feedback do sujeito (método psicofísico), e se ela se correlaciona com a percepção geral da dor. 

Os indivíduos foram recrutados em duas faixas etárias: grupo A (18 a 30 anos) e grupo B (50 a 70 anos; n = 45 por grupo). Os critérios de inclusão foram olhos saudáveis, Índice de Doença da Superfície Ocular 13 e sem uso de lentes de contato. As medidas do limiar de sensibilidade corneana (CST) foram realizadas duas vezes durante cada uma das duas visitas, com o auxílio de estesiômetro para sensibilidade corneana (SLACS) e estesiômetro Cochet-Bonnet (CB). Uma pontuação geral de sensibilidade à dor foi obtida de todos os participantes. 

Resultados 

Noventa indivíduos completaram o estudo (n = 45 por faixa etária, idade média no grupo A: 24,2 ± 2,94 anos, grupo B: 58,5 ± 5,71 anos). CSTs estatisticamente mais elevados para a faixa etária B foram observados apenas para SLACS (diferença média: 1,58 dB, P < 0,001). Nenhuma correlação foi observada entre o escore de dor e os TSC obtidos com qualquer método de estesiometria (r = 0,11, P = 0,25 para jato líquido e r = 0,076, P = 0,61 CB). 

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Conclusão e mensagem prática 

O artigo conclui que uma diminuição estatisticamente significativa na sensibilidade da córnea foi observada para a faixa etária mais avançada com SLACS, mas, com CB, apenas foi observada uma tendência na mesma direção. A percepção geral da dor não se correlacionou com a sensação da superfície ocular, e esses resultados podem ser levados em consideração para a prática clínica. 

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Autor

Pós graduação Lato Sensu em Córnea pela UNIFESP ⦁ Especialização em lentes de contato e refração pela UNIFESP ⦁ Residência médica em Oftalmologia pela UERJ ⦁ Graduação em Medicina pela UFRJ ⦁ Contato via Instagram: @julianarosaoftalmologia

Referências bibliográficas:
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