Estrelas massivas da Via Láctea estão se movendo de forma independente da galáxia, indicando uma fuga em direção ao espaço intergaláctico, escapando da força gravitacional da galáxia. Tal fenômeno foi reconhecido recentemente pela observação de catálogos de estrelas do nosso universo, num estudo feito por pesquisadores que analisaram a distribuição de velocidades, observando aquelas que não estavam em sincronia com a rotação galáctica.
Embora não se saiba exatamente o número de estrelas fugitivas, estudo liderado por Mar Carretero Castrillo e publicado na revista Astronomy and Astrophysics estima algo na faixa de 10 milhões. Astrônomos utilizaram os catálogos Galactic O-Star Catalog (GOSC) e Be Star Spectra (BeSS), juntamente com dados do telescópio Gaia da ESA, para identificar dezenas dessas estrelas fugitivas.
Os dois catálogos catalogam estrelas massivas, jovens e quentes, sendo o GOSC e o BeSS responsáveis por registrar diferentes tipos. A análise conjunta resultou na identificação de 417 estrelas do tipo O e 1.335 estrelas do tipo B presentes no Gaia e nos catálogos GOSC e BeSS, respectivamente. Notavelmente, 106 estrelas do tipo O (25,4% do GOSC) e 69 do tipo B (5,2% do BeSS) foram identificadas como estando em fuga da Via Láctea.
“As porcentagens e velocidades mais elevadas encontradas para os fugitivos do tipo O em comparação com os fugitivos do tipo Be sublinham que o cenário de ejeção dinâmica é mais provável do que o cenário de supernova binária”, aponta o estudo.
Duas teorias foram propostas para explicar esse fenômeno: o cenário binário de supernova (BSS) e a ejeção dinâmica (DES). Enquanto no BSS um par binário leva à explosão de uma estrela, liberando energia suficiente para ejetar a outra para fora da galáxia, na DES, interações gravitacionais em um ambiente compacto e denso fazem uma estrela fugir, sem a necessidade de uma explosão. A análise comparativa dos dados sugere que a explicação provável para as estrelas em fuga favorece a ejeção dinâmica.
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