Um artigo de revisão publicado recentemente no European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology teve como objetivo apresentar as opções de contracepção de emergência (CE) disponíveis, revisar sua eficácia e segurança, bem como melhorar o conhecimento desses métodos entre os profissionais de saúde.
As opções de CE disponíveis podem ser subdivididas em 2 métodos principais: oral/hormonal e dispositivos intrauterinos contendo cobre. O método hormonal, também conhecido como pílulas anticoncepcionais de emergência, inclui progesterona (levonorgestrel [LNG]), antiprogestágenos (mifepristona, acetato de ulipristal [UPA]) e o método Yuzpe (estradiol-levonorgestrel) e inserção pós-relação de um dispositivo intrauterino de cobre dispositivo (DIU-Cu).
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DIU-Cu é atualmente o método mais eficaz de CE, prevenindo mais de 99% das gravidezes indesejadas quando inserido dentro de 120 horas após relação sexual desprotegida. O acetato de ulipristal (UPA), não disponível no Brasil, foi associado a menor taxa de gestações do que levonorgestrel (1,2% vs 1,2–2,1%). Enquanto, a administração única de levonorgestrel 1,5 mg foi associada a maior eficácia do que o método Yuzpe. Embora o método Yuzpe evite até 74% das gravidezes indesejadas, é o método menos eficaz disponível.
Em relação ao mecanismo de ação, a CE altera o desenvolvimento dos folículos, impedindo a ovulação ou a retardando por vários dias, se utilizada na primeira fase do ciclo menstrual, antes do pico do hormônio luteinizante (LH). A ovulação pode ser impedida ou retardada em quase 85% dos casos e, nessas circunstâncias, os espermatozoides não terão qualquer oportunidade de contato com o óvulo. A fertilização pode acontecer apenas em um período limitado durante o ciclo menstrual. A viabilidade do esperma no trato reprodutivo feminino é de aproximadamente 5 dias, enquanto a viabilidade oocitária pós-ovulação é de 12 a 24 horas. Portanto, a janela fértil se estende de 5 dias pré-ovulação até 1 dia pós-ovulação.
Os métodos usados na CE são relativamente seguros e nenhuma fatalidade ou complicação grave foi associada ao seu uso. A elevada segurança da CE explica-se pelo tempo muito curto de tratamento e pela baixa dose total administrada. No caso do método de Yuzpe, a dose utilizada é cerca de 35% da dose total de uma caixa de qualquer anticoncepcional de baixa dosagem disponível no mercado. Cefaleia, náusea e vômito são os efeitos colaterais mais comuns experimentado ao usar os métodos orais. As pílulas contendo estrogênio parecem ter taxas mais altas de incidência desses efeitos colaterais quando comparadas as demais composições.
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Mensagem final
Os contraceptivos de emergência são métodos seguros e eficazes para prevenir gravidezes indesejadas e devem ser tomados assim que possível após relação sexual desprotegida. Enquanto os contraceptivos orais de emergência possam ser acessados mais facilmente, especialmente na era da telemedicina, com algumas opções orais isentas de receita médica em muitos países, DIUs de Cu necessita de um médico treinado para inserção.
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Autor
Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).
- Patryk Rudzinski, Inga Lopuszynska, Dorota Pazik, Dominik Adamowicz, Anna Jargielo, Aleksandra Cieslik, Karolina Kosieradzka, Justyna Stanczyk, Astrik Meliksetian, Alicja Wosinska, Emergency contraception – A review, European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology. 2023;291:, 2023, Pages 213-218, ISSN 0301-2115. DOI 10.1016/j.ejogrb.2023.10.035.